Algodão colorido é realidade em São Paulo e ganha espaço na moda mundial
Produção da fibra "diferente" é opção sustentável para a indústria têxtil
Nesta segunda-feira, celebram-se cinco anos do Dia Mundial do Algodão, data instituída em 2019 pela Organização Mundial do Comércio (OMC) para destacar a relevância dessa fibra tanto para a economia global quanto para o agronegócio.
Entre as diversas inovações, o algodão colorido, produzido em São Paulo, já é uma realidade e vem conquistando espaço no mundo da moda.
Focado na agricultura sustentável, produtores paulistas apostam na produção de algodão colorido, uma alternativa que dispensa o uso de corantes e economiza até 80% de água.
Além disso, a fibra evita contaminantes ambientais, tornando-se uma solução ecológica para a indústria têxtil.
Este algodão pode ser misturado a outras variedades, criando diferentes tonalidades e garantindo ainda mais versatilidade para a confecção de tecidos.
O impacto no setor têxtil e na moda
Hoje, o algodão produzido no agronegócio representa 54% da matéria-prima utilizada pela indústria têxtil brasileira. Esse movimento ganhou força em 2016 com a campanha “Sou de Algodão”, que uniu produtores e marcas. Desde então, a campanha se consolidou com a adesão de mais de mil marcas e dezenas de estilistas, o que levou o algodão às passarelas do São Paulo Fashion Week.
Em 2019, o reconhecimento internacional veio com a FAO, que oficializou o Dia Mundial do Algodão, destacando a contribuição da cotonicultura para economias emergentes.
Algodão colorido, saiba mais sobre essa variedade
No interior de São Paulo, em Riolândia, o engenheiro agrônomo Diogo Lemos cultiva algodão marrom, cujos principais compradores são grandes marcas nacionais e internacionais.
Lemos destaca a importância da pesquisa e do melhoramento da fibra para garantir a competitividade do produto no mercado, atendendo às demandas da indústria com qualidade e sustentabilidade.
Entre as empresas que compram de Lemos, a Bercamp, localizada em Jundiaí, que produz cortinas, tecidos para sofá e camisetas, entre elas, uma malha ecológica de uma marca brasileira com 200 lojas físicas e que as comercializa mundialmente.
“Para manter nossa competitividade no mercado, fazemos estudos de melhoramento, que buscam selecionar características e estabelecer padrões que atendam às demandas da cadeia produtiva, como o aumento de produtividade e qualidade, adaptação ambiental e resistência a pragas e doenças”, explica o engenheiro agrônomo.
Desafios e Potencial de Expansão
Apesar dos benefícios, a produção de algodão colorido exige cuidados específicos. O manejo da cultura é constante, e a fibra precisa atender às exigências de qualidade da cadeia produtiva para maximizar o rendimento das máquinas.
Dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) mostram que a área plantada em São Paulo para a safra 2023/24 é de 11,61 mil hectares, com destaque para as regiões de Avaré, Votuporanga e Itapeva, representando 72,7% do total do estado.
O engenheiro agrônomo Edivaldo Cia, aposentado e colaborador voluntário no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), lembra que as pesquisas com algodão colorido começaram há 20 anos. Ele reforça o potencial de expansão da atividade em São Paulo, embora a demanda da indústria ainda precise crescer para impulsionar essa produção.
“Hoje existem pesquisas para obter novas cores, principalmente na tonalidade verde, marrom clara, rubi, entre outras opções de coloração”, aponta.
A produtividade do algodão colorido no campo é aproximadamente 20% inferior ao tradicional, mas com preço para revenda quase duas vezes maior, o que torna a fibra atrativa para o produtor.
Edivaldo explica que o Estado de São Paulo tem potencial para expandir a atividade. A demanda nós podemos atender, o que falta é a procura da indústria por opções como essa”, explica.
O Algodão Colorido no Nordeste
O plantio de algodão colorido também é tradicional no Nordeste, especialmente em estados como Piauí, Pernambuco e Ceará.
A Embrapa desenvolveu variedades dessa fibra, cruzando plantas de algodão branco com fibras naturalmente coloridas. Isso tem oferecido alternativas de renda para os agricultores do Semiárido, além de contribuir para a preservação ambiental, ao reduzir o uso de corantes e o consumo de água.
A cultivar BRS Rubi, de tonalidade escura, é uma das mais adotadas no mercado, consolidando o Brasil como um importante produtor e exportador dessa fibra.
O Brasil no Mercado Internacional
A cotonicultura brasileira é referência mundial. O Brasil é o terceiro maior produtor de algodão do mundo, com destaque para estados como Mato Grosso, Bahia e Mato Grosso do Sul.
Em 2024, o país se consolidou como o maior exportador global da fibra, superando marcas anteriores e comercializando mais de US$ 3,35 bilhões nos primeiros oito meses do ano.
Os principais destinos das exportações brasileiras de algodão são China, Vietnã, Bangladesh, Turquia e Paquistão, reforçando a posição estratégica do país no mercado global.
redação com informações da Secretaria de Agricultura de SP | Agrofy News