Mercado Arco Norte amplia importação de fertilizantes em 2024
O cenário para o restante do ano apresenta desafios significativos
Os portos do Arco Norte aumentaram de forma expressiva sua participação nas importações de fertilizantes no primeiro semestre de 2024, consolidando sua importância logística para os produtores brasileiros, conforme análise da Argus. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil importou 17,8 milhões de toneladas de fertilizantes entre janeiro e junho deste ano, sendo que 3,7 milhões de toneladas — cerca de 20,5% desse total — chegaram pelos portos do Arco Norte. Esse volume representa um crescimento de 860 mil toneladas em relação ao mesmo período de 2023, evidenciando o papel estratégico da região na movimentação de insumos agrícolas.
A expansão na movimentação de fertilizantes está diretamente ligada ao aumento das exportações de soja e milho pela região. Os portos do Arco Norte se beneficiam de melhores condições de frete-retorno, que permitem a redução dos custos logísticos ao otimizar o transporte de carga de exportação e importação. No primeiro semestre de 2024, o frete de grãos na rota Sinop-Miritituba foi de R$278 por tonelada, mantendo-se estável em relação ao ano anterior. Já o frete de fertilizantes na rota de retorno Miritituba-Sinop registrou R$143 por tonelada, um leve aumento em comparação aos R$137 por tonelada do mesmo período de 2023, conforme monitoramento da Argus.
Apesar do desempenho positivo no primeiro semestre, o cenário para o restante do ano apresenta desafios significativos. A previsão de uma seca severa devido ao fenômeno La Niña preocupa operadores logísticos na região do Arco Norte, especialmente pela possibilidade de uma redução acentuada no nível dos rios Tapajós, Madeira e Negro, que são cruciais para a navegação de barcaças. Em 2023, a seca nesses rios já havia prejudicado a movimentação de cargas nos portos do Pará e Amazonas, e a previsão é de que o segundo semestre de 2024 enfrente condições ainda mais extremas, conforme alertas do governo federal. Isso poderá levar a um desvio de cargas para outros portos, como Itaqui, no Maranhão, e para as regiões Sul e Sudeste do Brasil, impactando o fluxo de fertilizantes e grãos nos próximos meses.
Agrolink - Leonardo Gottems
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