Chuva preta pode atingir o Sul do Brasil e afetar lavouras

Publicado no dia 06/09/2024 às 10h20min
Fenômeno incomum ocorre quando a fuligem das queimadas se mistura com a umidade das nuvens; especialista alerta sobre problemas à agricultura e à saúde.

A notícia de que o Rio Grande do Sul pode ser atingido pela chuva preta nos próximos dias, segundo o alerta da MetSul Meteorologia, trouxe uma preocupação a mais para os agricultores e a população. O fenômeno incomum é consequência da grande quantidade de fuligem suspensa na atmosfera, com uma pluma de fumaça vinda da Bolívia e da região amazônica que avança até o Sul do Brasil e pode trazer consequências ambientais e para a saúde.

De acordo com o Sistema Copernicus, da União Europeia, um extenso corredor de fumaça está se deslocando do Norte ao Sul do Brasil, atingindo também o Uruguai.

O que é a chuva preta e como ela se forma

A chuva preta ocorre quando partículas de fuligem presentes no ar se misturam com a umidade e precipitam junto com a chuva. Essas partículas, conhecidas como “soot”, são formadas pela combustão incompleta de materiais orgânicos, como combustíveis fósseis (carvão, petróleo) e biomassa (madeira, resíduos agrícolas).

Quando esses materiais não queimam completamente, em vez de se transformarem inteiramente em dióxido de carbono (CO??) e vapor de água, eles produzem partículas finas de carbono negro e outros compostos. Por serem extremamente pequenas, podem permanecer suspensas no ar por longos períodos e viajar grandes distâncias.

A previsão indica que o fenômeno pode se estender também para áreas do Paraná e de Santa Catarina, especialmente a partir de hoje (05/09).

Quais são os impactos para a agricultura

Segundo João Cláudio Alcântara dos Santos – doutor em Geografia com Ênfase em Análise Ambiental pela Universidade Estadual de Maringá e professor do Centro Universitário Integrado, de Campo Mourão (PR) – a chuva preta pode trazer prejuízos às lavouras.

“Essa água suja traz partículas de carbono negro e outros gases poluentes oriundos das queimadas que podem contaminar o solo, a vegetação e alterar componentes químicos associados aos nutrientes das plantas. Por isso, é fundamental dar atenção às técnicas de manejo do solo e buscar ajuda de um engenheiro agrônomo”, explica.

Quais são os impactos para a saúde humana

A fuligem presente na chuva preta contém várias substâncias tóxicas que podem ser prejudiciais à saúde humana. “A exposição contínua a esses poluentes pode causar problemas respiratórios, cardiovasculares e outras condições de saúde adversas. Nesses casos, é fundamental procurar ajuda médica o quanto antes”, enfatiza Santos.

Cuidados para proteger a saúde

O doutor em Geografia com Ênfase em Análise Ambiental ressalta que a população deve seguir as recomendações do Ministério da Saúde para reduzir a exposição às partículas resultantes das queimadas:

Aumente a ingestão de água e líquidos para manter as membranas respiratórias úmidas e protegidas.

Permaneça em ambientes fechados, preferencialmente bem vedados e com conforto térmico adequado. Quando possível, busque ambientes com ar condicionado e filtros de ar para reduzir a exposição.

Mantenha portas e janelas fechadas durante os horários de maior concentração de poluentes no ar, para minimizar a penetração da poluição externa.

Evite atividades físicas ao ar livre durante este período do ano.

Não consuma alimentos, bebidas ou medicamentos que tenham sido expostos a detritos de queima ou cinzas.

Utilize, preferencialmente, máscaras do tipo N95, PFF2 ou P100, que podem reduzir a inalação de partículas se usadas corretamente por pessoas que precisem sair de casa. No entanto, a recomendação prioritária é permanecer em locais fechados e protegidos da fumaça.

O que podemos fazer

Embora o fenômeno da chuva preta seja alarmante, a conscientização e a adoção de medidas preventivas podem mitigar seus efeitos.

“É vital que as autoridades tomem ações imediatas para combater as causas das queimadas e melhorar a qualidade do ar. Do contrário, todos nós podemos ser impactados direta ou indiretamente”, complementa o professor do Centro Universitário Integrado, João Cláudio Alcântara dos Santos.

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Fonte: AgroRevenda

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