Mato Grosso do Sul cria "Rota da Celulose" e busca investimento em SP
Estado quer se consolidar como polo do setor e tem como prioridades melhorar a infraestrutura rodoviária
Responsável por 24% da produção nacional de celulose, aproximadamente 5,5 milhões de toneladas por ano, Mato Grosso do Sul já tem grandes fábricas neste segmento no Estado. Com isso, o governo estadual criou o projeto “Rota da Celulose”
O projeto é chamado assim pois todas as rodovias que fazem parte do bloco da rota passam por municípios onde grandes empresas do setor se instalaram.
Para consolidar a região como polo da celulose, o Governo de Mato Grosso do Sul tem como prioridades melhorar a infraestrutura rodoviária. Assim, ontem (dia 3), com a presença de empresários e mercado financeiro, o governador Eduardo Riedel (PSDB) apresentou na B3 (Bolsa de Valores do Brasil), em São Paulo, o projeto “Rota da Celulose”, que prevê a concessão de trechos das rodovias BR-262, BR-267, MS-040, MS-338 e MS-395. O leilão está previsto para ocorrer em dezembro.
No projeto, serão contemplados 870 km de rodovias (estaduais e federais), sendo estimados R$ 8,8 bilhões em capital privado, nesta concessão que será de 30 anos.
“Temos que agradecer ao governo federal pela confiança em delegar trechos das rodovias federais ao Estado, que vai promover o desenvolvimento desta rota (celulose), com trechos de duplicação, terceira faixa e acostamento integral. Um projeto inovador que dá competitividade aos negócios e segurança aos motoristas”, explicou Riedel.
Concessão
A apresentação foi feita durante o evento “Road Show Concessão de Rodovias”. A secretária especial da EPE (Escritório de Parcerias Estratégicas), Eliane Detoni, garantiu que os projetos do Estado estão entre os mais modernos da atualidade.
“Nas concessões das rodovias a gente vai melhorar a trafegabilidade, aumentar a segurança do usuário e para isto trazemos inovações regulatórias e tecnológicas, que vão contribuir para este momento”.
Bloco de rodovias
O bloco de rodovias que vai para o leilão passa por nove municípios do Estado, entre eles Campo Grande, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo, Bataguassu, Água Clara, Três Lagoas, Nova Alvorada do Sul, Nova Andradina e Anaurilândia.
Compreende os seguintes trechos: MS-040, de Campo Grande a Santa Rita do Pardo (226,3 Km); MS-338, que liga Santa Rita do Pardo e o entroncamento com a MS-395 (60,1 Km); e MS-395, de Bataguassu ao entroncamento com a MS-338 (7,7 Km); além da BR-262, ligando Campo Grande a Três Lagoas (328,2 Km) e BR-267, de Bataguassu a Nova Alvorada do Sul (248,1 Km).
Neste pacote estão previstos 114,5 km de duplicações, 457 km de acostamentos, 251 km de terceiras faixas, 12 km de via marginal e 82 dispositivos, que vão proporcionar mais segurança.
Ainda terá a prestação de serviços aos usuários por meio de 50 veículos operacionais, entre ambulâncias, guinchos, combate a incêndios, desobstrução de pistas e inspeção para controle do tráfego.
“Não tenho dúvidas que o Estado vai seguir esta rota de crescimento, com case de sucesso para quem investir aqui e ao próprio Estado, contribuindo para economia do Brasil. Quem estiver conosco vai fazer parte desta história”, mencionou o governador.
Riedel ainda aproveitou a oportunidade para destacar os projetos de concessão ou PPP (Parceria Púbico-Privada) que estão em andamento como infovia digital e esgotamento sanitário, assim como no futuro na área de saúde e ferrovias. Outro ponto de destaque é a participação estratégica do Estado na rota bioceânica.
Suzano já está em MS
A Suzano é uma das empresas instaladas no estado. Em julho, a empresa iniciou em as operações da maior linha única de produção de celulose do mundo, instalada no município de Ribas do Rio Pardo.
Com capacidade para produzir 2,55 milhões de toneladas por ano, o empreendimento é resultado de um investimento de R$ 22,2 bilhões, dos quais R$ 15,9 bilhões destinados à construção da fábrica e R$ 6,3 bilhões a iniciativas como a formação da base de plantio e a estrutura logística para escoamento da celulose.
Com o início das operações da nova unidade, a capacidade instalada de produção de celulose da Suzano salta de 10,9 milhões para 13,5 milhões de toneladas anuais, o que representa um aumento de mais de 20% na produção atual da companhia.
Investimentos futuros
Em agosto, o presidente da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), Paulo Hartung, em encontro co o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a indústria de papel e celulose vão investir no Brasil R$ 105 bilhões até 2028, com abertura de novas fábricas, ampliação de plantas já existentes e obras de infraestrutura logística para escoamento da produção, entre outras ações.
Dois investimentos futuros serão no Mato Grosso do Sul.
A empresa chilena Arauco fará sua primeira unidade de celulose branqueada no Brasil, na cidade de Inocência (MS). O Projeto Sucuriú terá investimento de R$ 25 bilhões
A empresa chilena pretende inaugurar sua primeira fábrica de celulose no Brasil em 2028, com capacidade inicial de produção de 2,5 milhões de toneladas por ano, podendo dobrar até 2032. Serão gerados 12 mil novos empregos no pico da obra, e 2,3 mil empregos diretos e indiretos na operação.
Já a Eldorado Brasil tem planos para investir R$ 25 bilhões na construção da segunda linha de produção em Três Lagoas (MS) e de um ramal ferroviário escoar sua produção.
Fabio Frattini Manzini
Agrofy News
repórter freelancer