Cotação do café robusta supera a do arábica pela primeira vez na história
Variedade canéfora já representa 21% da produção brasileira
Pela primeira vez desde o início da série histórica do Cepea em 2001, o preço do café robusta superou o valor do café arábica, um marco significativo no mercado cafeeiro brasileiro.
Na última sexta-feira, a cotação da saca de 60 quilos da variedade conilon/robusta fechou a R$ 1.483,95, enquanto a do arábica ficou em R$ 1.448,24.
Ambas variedades registraram alta em agosto, no entanto, a primeira subiu 16,73% enquanto a segunda apenas 2,28%, segundo os indicadores do órgão.
“A quebra global na variedade robusta foi muito maior em termos de volume do que a do arábica, mas o arábica também teve problemas. Além disso, o mercado internacional alterou fortemente o blend em cafés torrados, elevando o consumo de robusta”, explica Antonio Sérgio, que é engenheiro agrônomo e técnico do Senar do Ateg Café + Forte.
Tradicionalmente, o arábica sempre teve preços mais elevados devido à sua superioridade em termos de sabor e qualidade percebida, sendo preferido por mercados premium.
Nos últimos dois anos, uma série de fatores tem levado o robusta a alcançar e até ultrapassar a cotação do arábica. A “virada histórica” consolidou-se nesta temporada graças a uma quebra expressiva da produção de café robusta/conilon no Vietnã.
Além disso, a crescente demanda global por robusta, especialmente em mercados onde o consumo de café solúvel, que utiliza majoritariamente essa variedade, é mais forte.
Adicionalmente, problemas de logística global, exacerbados pela guerra na Ucrânia e as restrições à exportação de robusta no Vietnã, segundo maior produtor mundial dessa variedade, contribuíram para essa alta histórica.
Para se ter ideia, o preço do robusta praticamente dobrou desde o início do ano, saltando da R$ 743,02 na média mensal de dezembro de 2023 para os atuais R$ 1.483,95.
Especialistas indicam que essa relação entre os preços do robusta e do arábica pode ter impactos significativos na cadeia produtiva e na distribuição das áreas de cultivo no Brasil, potencialmente alterando o cenário cafeeiro nacional.
Café robusta no Brasil
Atualmente, o país também é um grande produtor de café robusta, cuja produção está concentrada principalmente o Espírito Santo e Rondônia.
O café robusta, que inclui a variedade conilon, representa cerca de 21% da produção total de café no Brasil, enquanto o café arábica compõe os outros 79%.
A produção de robusta está fortemente concentrada em dois estados: Espírito Santo e Rondônia.
Espírito Santo é o maior produtor de café conilon no Brasil, responsável por cerca de 75% da produção nacional dessa variedade. A região norte do estado é particularmente importante para essa cultura, beneficiada por condições climáticas adequadas e um histórico de cultivo de conilon.
Rondônia vem se destacando como o segundo maior produtor de café robusta, com uma crescente expansão da área cultivada. O estado tem investido em melhorias tecnológicas e na ampliação da produtividade, o que tem fortalecido sua posição no mercado nacional.
Redação | Agrofy News