CNA mapeia custos de produção de cana e grãos no Centro-Oeste: "safra aquém do esperado"

Publicado no dia 02/09/2024 às 16h05min
Ciclo atual teve resultado negativo histórico para o trigo e duas safras seguidas de rentabilidade negativa para a soja

 Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou os principais dados dos levantamentos dos custos de produção de cana-de-açúcar e de grãos da safra atual no Centro-Oeste. O evento Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro aconteceu em Chapadão do Sul (MS).

Ao realizar a análise de risco, mercado, comércio internacional e aspectos relacionados à produtividade e às margens das atividades, o Sistema CNA/Senar destacou que a safra foi desafiadora e “aquém do esperado” tanto para cana, quanto a de grãos

O presidente da Comissão de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, André Dobashi, explicou que a safra 2023/2024 de grãos está sendo extremamente desafiadora em Mato Grosso do Sul.

"Tivemos uma safra aquém do esperado em que fechamos com resultado abaixo de 45 sacas por hectare. Isso representa uma quebra expressiva para soja".

Já para o milho safrinha, Dobashi lembrou que desde meados de fevereiro praticamente não houve chuva. A seca de 2023/2024 já é a mais intensa da história recente no Brasil, segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden).

"Isso resultou em uma quebra de mais de 35% na safra. Esperávamos colher mais de 13 milhões de toneladas, mas devemos colher apenas em torno de 9 milhões de toneladas".

O pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, Mauro Osaki,  explicou que a safra 2024 foi marcada pela retração na questão dos insumos e pelo efeito negativo do preço e produtividade, gerando compressão na rentabilidade do produtor.

“A safra 2023/2024 foi desafiadora para os produtores, com resultado negativo histórico para o trigo e duas safras seguidas de rentabilidade negativa para a soja, colocando sinal de alerta especialmente para aqueles que colheram abaixo de 45 sacas por hectare".

O pesquisador reiterou que a temporada foi marcada pelo excesso de chuva no plantio na região Sul.

“Isso ocasionou a quebra de safra e atraso no plantio da soja, impactando no calendário ideal. Em contrapartida, no Centro-Oeste, a estiagem encurtou o ciclo de produção de soja encurtou em grande parte das regiões”, disse Osaki.


Cana-de-açúcar
O presidente da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da CNA, Nelson Perez, acredita que a safra atual seja ainda mais afetada em razão das queimadas recentes que atingiu muitas lavouras de cana de açúcar do Centro Sul, cenário nunca visto antes.

“Podemos ver uma redução ainda maior da produtividade principalmente no terço final da safra.”

A analista de custos do Pecege Consultoria e Projetos, Ana Carolina França, mostrou o cenário de custos de produção de cana-de-açúcar e as melhorias no processo gerencial.

"Notamos uma queda de produtividade pressionada pelo custo com os insumos na safra 2024/2025. Além disso, houve um incremento com o custo de mão-de-obra se comparado à safra anterior".

Embora a receita da atividade canavieira tenha se mostrado suficiente para cobrir custos operacionais e depreciação de ativos, Ana Carolina destacou que a receita continua inferior ao requerido quando se adicionam custos de oportunidade dos recursos econômicos.

“Mesmo com a expectativa de recuperação do preço do etanol, a deterioração do preço do açúcar deve seguir limitando ganhos no pagamento pela cana, o que é agravado pela produtividade estagnada ou decrescente”, afirmou Ana Carolina.

O produtor rural Paulo César Matsumoto reiterou que as informações compartilhadas durante o Campo Futuro vão ajudar na tomada de decisão para a safra 2024/2025.

"Temos o desafio se reduzir cada mais vez os custos de produção da soja e da cana-de-açúcar. Aqui na nossa região, tivemos uma redução de produtividade. Apesar da redução dos custos dos defensivos agrícolas e dos fertilizantes, sofremos com a redução dos preços dos produtos. Isso impactou na lucratividade”.

Evento
O  Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro foi realizado em parceria com o Sistema Famasul/Senar-MS e Sindicato de Produtores Rurais de Chapadão do Sul (MS) e apresentou aos participantes a análise de risco, mercado, comércio internacional e aspectos relacionados à produtividade e às margens das atividades.

A assessora técnica da CNA, Eduarda Lee, explicou aos participantes que o Campo Futuro realiza um detalhado levantamento dos custos de produção e é desenvolvido em parceria com universidades e centros de pesquisa, com foco no aumento da eficiência produtiva e a rentabilidade nas atividades.

"Em todo o Brasil, foram 155 painéis para levantamento dos custos da produção de diversas atividades produtivas. Desse total, foram 34 de grãos em 13 estados e 15 painéis de cana-de-açúcar em nove estados. Somente em Mato Grosso do Sul foram 15 painéis em 12 municípios com a participação de mais de 100 produtores", destacou.

Levantamento de custos de produção de 2024 no Pará
O Projeto Campo Futuro encerrou, nesta semana, os levantamentos de custos de produção de 2024 no Pará. O último painel foi realizado na quinta (29), com produtores de soja e milho da cidade de Paragominas.

 O assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Tiago Pereira, acompanhou o painel e informou que o plantio da safra de soja na região atrasou por causa da seca, com uma normalização das chuvas mais para o fim do ciclo, alongando o período com a soja no campo.


Com isso, a segunda safra de milho também sofreu atrasos, com rendimentos abaixo do esperado. “A média de produtividade para a soja fechou em 53 sacas por hectare, 7 sacas a menos do que a safra passada. Já para o milho primeira e segunda safra, os rendimentos fecharam em 90 sacas/ha (-50 sacas) e 40 sacas/ha (-25 sacas)”, disse.

Segundo Tiago, diante dos níveis de produtividade e preço, a soja foi a única cultura que conseguiu saldar os desembolsos diretos da safra.

redação com informações da CNA | Agrofy News

Fonte: Agrofy News

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