Tonelada de CO2 equivalente custa R$ 42,35 na citricultura
Estudo inédito foi realizado pela Embrapa e a CitrusBR
O custo para deixar de emitir ou fixar uma tonelada de CO2 equivalente na citricultura é US$ 7,72 (R$ 42,35 à cotação de hoje), segundo estudo realizado pela Embrapa Meio Ambiente em parceria com a CitrusBR.
Realizado em 297 do cinturão citrícola brasileiro, o estudo é pioneiro na quantificação das emissões de CO2e ao longo da cadeia produtiva da citricultura, abarcando desde o cultivo até a industrialização.
O estudo concluiu, por exemplo, que cada hectare de pomar de citros tem potencial de estocar cerca de duas toneladas de carbono por ano. Ou seja, cada hectare demandaria R$ 94,70 de investimentos.
A analista da Embrapa Daniela Tatiane de Souza diz que há poucos estudos científicos no Brasil para precificar o carbono na agricultura e ainda não havia nenhum voltado para o setor citrícola.
“O que estamos fazendo é um trabalho pró-ativo para traçar perspectivas e estabelecer referências com base em metodologias adotadas internacionalmente”, explica.
Esta abordagem permite uma compreensão mais ampla do impacto ambiental do setor, oferecendo subsídios para que produtores e empresas possam adotar práticas mais sustentáveis.
A metodologia considerou variáveis como o consumo de insumos, combustíveis e energia elétrica, além de práticas agrícolas que potencializam a fixação de carbono no solo.
A precificação indica quanto se deve pagar pelos gases de efeito estufa que deixam de ser emitidos pela atividade, a fim de cobrir os custos econômicos, sociais e ambientais dos produtores.
“Como a redução das emissões de GEE e a remoção de CO2 da atmosfera têm um custo, a precificação é necessária para saber quanto se deve pagar por uma tonelada de CO2 equivalente que deixou de ser emitida ou que foi removida da atmosfera por uma atividade ou projeto”, detalha o pesquisador da Embrapa Lauro Rodrigues Nogueira Júnior.
Segundo ele, a precificação de carbono serve de referência para quem vai receber e para quem vai pagar por isso e ajuda também a referenciar programas governamentais de redução de emissões.
Desafio e oportunidade
Para os produtores brasileiros, que enfrentam a crescente pressão por práticas mais sustentáveis, a estimativa de US$ 7,72 por tonelada de CO2e apresenta-se como uma oportunidade e um desafio.
Com este valor, a citricultura do Brasil tem a chance de se posicionar como líder em sustentabilidade, capitalizando-se em mercados internacionais que já valorizam produtos com menor pegada de carbono.
No entanto, também impõe a necessidade de investimentos em tecnologias de baixo carbono e na adoção de boas práticas agrícolas.
Outro ponto relevante do estudo é a possibilidade de geração de créditos de carbono, uma ferramenta econômica que pode transformar a sustentabilidade em um diferencial competitivo.
A comercialização desses créditos no mercado global pode trazer uma nova fonte de receita para os produtores brasileiros, desde que estejam alinhados com as diretrizes ambientais e as demandas do mercado.
Adicionalmente, a pesquisa abre espaço para uma maior colaboração entre o setor privado, órgãos governamentais e instituições de pesquisa, como a própria Embrapa.
Líder mundial em suco de laranja
O Brasil é responsável por 35% da produção mundial de laranja e por 75% do comércio internacional do suco da fruta.
Na última safra, a produção ficou em 307,22 milhões de caixas e a exportação do suco ultrapassou 2,8 milhões de toneladas.
São 463 mil hectares de pomares só no cinturão citrícola, a principal região produtora, onde se concentram também as indústrias processadoras de suco e subprodutos.
O setor movimenta cerca de U$ 14 bilhões por ano.
Por redação | Agrofy News