PNAT 2024: ABCZ divulga resultados do Teste de Desempenho e Eficiência Alimentar (TDEA)

Publicado no dia 07/08/2024 às 10h40min
O setor de lácteos da Argentina está enfrentando desafios significativos este ano, causados pela crise econômica do país.

O setor de lácteos da Argentina está enfrentando desafios significativos este ano, causados pela crise econômica do país. A combinação de inflação nos insumos domésticos e controles cambiais instituídos pelo governo (restrições à saída de capital, controles sobre pagamentos de dívidas externas, etc.) tem impactos abrangentes na produção de leite, na competitividade das exportações e no consumo doméstico, e está remodelando o cenário do setor no curto prazo.

Os produtores de leite argentinos dependem em grande parte de insumos produzidos internamente, incluindo ração, maquinário e combustível. O aumento da carga financeira forçou muitos deles a cortar a produção ou a buscar capital adicional, sendo que muitos estão operando com prejuízo. Como resultado, a produção de leite na Argentina no acumulado do ano caiu vertiginosamente. De janeiro a junho de 2024, a produção de leite na Argentina caiu 13% em relação ao mesmo período de 2023. Em 2023, a produção de leite totalizou 11,7 milhões de toneladas, mas a previsão é que esse número caia 7%, para 10,8 milhões de toneladas. 

A queda abrupta na produção no início de 2024 levou a uma rápida recuperação dos preços do leite, o que apoia a expansão da produção durante a segunda metade do ano. A queda consistente na produção nos últimos cinco anos destaca a luta do setor para manter os níveis de produção em meio ao aumento dos custos e à instabilidade econômica.

Por outro lado, a desvalorização da moeda tornou os produtos lácteos argentinos mais competitivos no mercado global. Um peso mais fraco se traduz em preços mais baixos para os compradores estrangeiros. As taxas de câmbio e a inflação foram tão desvantajosas para os produtores nacionais que geraram uma incerteza significativa sobre se os comerciantes ficariam com os estoques ou se haveria uma corrida para garantir moeda estrangeira, principalmente em dólares americanos. 

Os volumes de exportação de lácteos aumentaram 10% nos primeiros cinco meses de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023. Em especial, as exportações de queijo devem aumentar de 85.000 toneladas em 2023 para 100.000 toneladas em 2024.

No mercado interno, a situação econômica continua desafiadora. O aumento nos custos de produção levou a preços mais altos para os produtos lácteos no mercado doméstico. Com a inflação corroendo o poder de compra do consumidor, muitas famílias estão lutando para comprar produtos alimentícios básicos, levando a um declínio no consumo doméstico previsto. Prevê-se que o consumo doméstico de leite fluido na Argentina caia para 1,6 milhão de toneladas em 2024, 7% abaixo de 2023. A queda no consumo de todos os produtos lácteos representa um desafio significativo para o setor. Os produtores se deparam com a opção de se concentrar nos mercados de exportação mais lucrativos ou continuar atendendo ao mercado interno cada vez mais sensível a preços. 

Nesse cenário, mesmo com a forte queda na produção interna do país nos últimos meses, o estímulo maior às exportações pela Argentina fez com que os volumes enviados ao Brasil seguissem elevados neste ano de 2024, conforme pontuado pela equipe de análise de mercado, do MilkPoint Mercado.

produção de leite da argentina

Em resposta a esses desafios, o governo argentino introduziu várias medidas para apoiar o setor de laticínios. Em dezembro de 2023, o governo reabriu os registros de exportação agrícola como parte de uma estratégia mais ampla para impulsionar as exportações e gerar receita em moeda estrangeira. No mesmo mês, o governo também introduziu uma taxa de câmbio "combinada" para as exportações agrícolas, que combina a taxa de câmbio oficial com uma taxa de câmbio local não oficial. Essa abordagem proporcionou uma taxa mais favorável para os exportadores, aumentando sua competitividade nos mercados internacionais. 

A eficácia dessas medidas permanece incerta, pois o ambiente econômico mais amplo continua apresentando desafios significativos. Embora as medidas de apoio às exportações de produtos lácteos tenham mostrado benefícios positivos, as medidas destinadas a ajudar a combater a inflação foram mistas. Os consumidores argentinos ainda estão enfrentando taxas de inflação anualizadas de quase 300% para alimentos e bebidas não alcoólicas, inclusive leite, e espera-se que continuem limitando o crescimento da demanda doméstica de laticínios. 

De acordo com visão de analistas do MilkPoint Mercado, o cenário para produção argentina ainda é desafiador, mas com um cenário de recuperação neste momento, influenciada por um câmbio mais estável (que impacta, dentre tantos fatores, nos custos de produção) e também pela recuperação do preço recebido pelo leite. Dessa forma, a produção de leite no país tende a demonstrar maior firmeza nesta reta final de 2024 e início de 2025, diminuindo a diferença em relação aos mesmos períodos de anos anteriores.

 

As informações são do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.

Fonte: MilkPoint

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