"Governo aceita Brasil como réu da sustentabilidade", critica Aldo Rebelo
Para autor do Código Florestal, desinformação sobre práticas ambientais do paÃs é intencional e deliberada
O político Aldo Rebelo responsabiliza o Governo Federal e a diplomacia brasileira por aceitar o Brasil em uma posição de “réu” bem como a imagem negativa do país quanto ao tema da sustentabilidade.
O autor do Código Florestal, que completou 10 anos em 2022, concedeu entrevista exclusiva ao Agrofy News após participar da abertura do Congresso Andav 2024, ontem (dia 6), em São Paulo.
"O Brasil é frequentemente pintado como vilão ambiental no cenário global. Isso é a prova de que os fatos não importam. Trata-se de uma narrativa influenciada por interesses comerciais e geopolíticos de nações europeias e dos Estados Unidos", afirma Rebelo.
Rebelo destaca que o Código Florestal brasileiro, do qual ele é o autor, é um dos mais rigorosos do mundo, impondo severas restrições ambientais que não encontram paralelo nas legislações de outros países.
Ele argumenta que a legislação brasileira exige que agricultores reservem grandes parcelas de suas terras para preservação ambiental – entre 80% a 20%, algo inexistente em muitos países desenvolvidos.
Segundo o deputado, a desinformação sobre as práticas ambientais brasileiras é deliberada, visando criar uma imagem negativa do Brasil para prejudicar sua competitividade no agronegócio global.
Rebelo aponta que, ao mesmo tempo em que o Brasil tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, com ampla utilização de biomassa, hidrelétrica, eólica e solar, essa realidade é convenientemente ignorada por outras nações.
Diplomacia passiva
O deputado critica a diplomacia brasileira e ao governo federal por não defender adequadamente os interesses do país em conferências internacionais sobre mudanças climáticas.
"O Brasil abdicou de exigir que a responsabilidade pelas emissões de gases de efeito estufa seja discutida de forma justa, considerando não apenas as emissões atuais, mas também as históricas desde a Revolução Industrial", explica Rebelo.
Ele ressalta que o Brasil, ao aceitar o papel de vilão, negligencia seu direito ao desenvolvimento sustentável. “O Brasil deveria liderar a criação de um código florestal global, responsabilizando todos os países pela proteção ambiental”, sugere.
O político sublinha que, enquanto os países industrializados preservam apenas uma pequena fração de suas florestas originais, o Brasil mantém 66% de suas florestas intactas.
COP30 no Brasil
O deputado também manifesta preocupação com a próxima conferência climática da ONU, que será realizada em Belém, no próximo.
"Infelizmente, temo que o Brasil mais uma vez será colocado no banco dos réus, mesmo sendo um dos países que mais contribuem para a preservação ambiental global", lamenta.
Rebelo conclui afirmando que o Brasil deve retomar seu papel de protagonista na defesa de seu direito ao desenvolvimento, sempre com responsabilidade ambiental, mas sem se submeter a narrativas que o prejudicam no cenário internacional.
Daniel Azevedo Duarte
Agrofy News
Editor-chefe do Agrofy News Brasil