Balança comercial de lácteos: julho com nova alta nas importações
No mês de julho as importações de lácteos apresentaram um novo aumento, gerando mais um recuo no saldo da balança comercial de lácteos.
No mês de julho as importações de lácteos apresentaram um novo aumento, gerando mais um recuo no saldo da balança comercial de lácteos. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo registrado no mês chegou a -235 milhões de litros em equivalente-leite, registrando um recuo mensal de 62 milhões de litros em relação a junho, conforme pode ser observado no gráfico 1.
Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos – equivalente leite.
Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos - equivalente leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
As exportações de lácteos continuaram a avançar no último mês. Com 9,5 milhões de litros em equivalente-leite exportados em julho, a avanço mensal foi de 108%, ficando também acima do resultado obtido em julho de 2023 (+65%), conforme mostra o gráfico 2, sendo esse o terceiro maior resultado mensal para as exportações deste ano.
Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.
Exportações em equivalente-leite
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
As importações de julho seguiram apresentando um expressivo avanço mensal. Ao todo, foram importados cerca 244,0 milhões de litros em equivalente leite, registrando um aumento mensal de 37,2% e um avanço anual de 35,4%, sendo esse o maior valor registrado para as importações de lácteos na série disponibilizada pela COMEXSTAT, como mostra o gráfico 3.
Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.
Importações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Em relação às categorias importadas no último mês, todos os produtos de maior relevância apresentaram aumentos em seus volumes importados, com o maior aumento percentual sendo do leite em pó desnatado, com uma alta mensal de 76%, seguido do leite em pó integral (+33%) e dos queijos (+21%).
Outros produtos de menor relevância também tiveram um aumento em seus volumes de importação, como a manteiga, com um aumento de 65% em relação ao mês anterior, e o soro de leite, com uma alta de 18%.
Em relação às exportações, os cremes de leite formaram a categoria de maior relevância, apresentando um aumento de 22% em relação a exportação do mês anterior. Porém, o maior avanço percentual no volume exportado ficou para o leite em pó integral, que apresentou uma expressiva alta mensal e configurou julho com o terceiro maior resultado mensal deste ano. O doce de leite, os queijos e o leite UHT também foram categorias que apresentaram avanços em suas exportações no último mês.
Por outro lado, outras categorias como o leite modificado (-100%), o leite em pó desnatado (-89%) e a manteiga (-69%) apresentaram expressivos recuos em suas exportações mensais.
As tabelas 1 e 2 mostram as principais movimentações do comércio internacional de lácteos nos meses de julho e junho de 2024.
Tabela 1. Balança comercial de lácteos em julho de 2024
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Balança comercial de lácteos em julho de 2024
Tabela 2. Balança comercial de lácteos em junho de 2024
Balança comercial de lácteos em junho de 2024
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.
O que podemos esperar para os próximos meses?
Até o mês de junho os preços dos produtos importados seguiram sendo mais competitivos em relação aos produtos locais, porém, no mês de julho observamos o custo de aquisição dos principais derivados lácteos (leite em pó integral, leite em pó desnatado e muçarela) em um patamar mais próximo entre os importados e os locais, em decorrência de um recuo nos preços praticados no atacado brasileiro e do expressivo aumento na taxa de câmbio, mesmo diante de desvalorizações também observadas nos preços praticados no Mercosul.
Somado a isso, o mês de julho também deu início ao período sazonal de maior produção de leite na região Sul do país, aumentando a disponibilidade interna de leite. Dessa forma, esse cenário gera expectativas de que as importações possam apresentar recuos nos próximos meses, apesar de poderem ainda permanecer em patamares que são considerados elevados.
Isso porque apesar do recuo nas produções de leite dos nossos principais fornecedores, Argentina (-13% nos 6 primeiros meses de 2024 em relação ao mesmo período de 2023) e Uruguai (-4% no mesmo período), o consumo na Argentina também recuou fortemente neste ano, mantendo disponível volume para as suas exportações. Além disso, esses países também entram em período sazonal de crescimento na produção, aumentando sua disponibilidade de leite para as exportações ao Brasil.
Um ponto de atenção para os próximos meses é a provável chegada da La Niña, que a depender de sua intensidade, pode gerar dificuldades tanto na produção brasileira de leite como nas produções argentinas e uruguaias, seguiremos acompanhando.