Projeto faraônico pretende ligar Mato Grosso ao Oceano Pacífico

Publicado no dia 25/06/2024 às 11h27min
Importante estado do agronegócio brasileiro será contemplado por novas oportunidades de negócios

O Governo Federal detalhou, na última sexta-feira (dia 21), o projeto da Rota Quadrante Rondon para ligar o Mato Grosso a outros países da América do Sul e escoar a produção por meio do Oceano Pacífico.

O projeto “faraônico” faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e foi apresentado pelos ministros Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Waldez Góes (Integração e do Desenvolvimento Regional), e Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) em Cáceres (MT).

A plenária visava apresentar o projeto das Rotas de Integração Sul-Americana à sociedade civil e autoridades locais.


Na ocasião, o ministro Fávaro destacou a potencialidade nas relações comerciais com a iniciativa. “As rotas vão fortalecer as relações comerciais na américa do sul. Trocando oportunidades e fortalecendo o sul global com logísticas mais eficientes. A hora da oportunidade chegou e é agora, com o presidente Lula", pontuou.

Rota Quadrante Rondon
A Rota Quadrante Rondon é uma das cinco rotas de Integração Sul-Americana que foram desenhadas após determinação do presidente Lula como resultado de uma escuta ativa aos 11 Estados brasileiros que fazem fronteira com países da América do Sul.

OMatoGrossoéumdestaquenaRotaQuadranteRondon, com 10 obras,todasprevistas do Novo PAC.

Segundo o Ministéiro do Planejamento e Orçamento, as rotas de integração têm duplo papel de incentivar e reforçar o comércio do Brasil na América do Sul e reduzir o tempo e o custo do transporte para diferentes mercados emergentes da Ásia Pacífico.

O projeto das rotas tem recursos orçamentários no Brasil, da LOA e do BNDES, e mais US$ 7 bilhões disponibilizados por bancos regionais de desenvolvimento. 

Comércio exterior do Mato Grosso
Durante o período de 2000 a 2023, o Mato Grosso tornou-se um importante abastecedor mundial e saltou do 10º para o 4º lugar entre os principais estados exportadores do Brasil. As vendas externas do estado aumentaram significativamente, passando de US$ 1,7 bilhão para mais de US$ 32 bilhões nesse período.

A China é o maior comprador dos produtos do estado, representando 41% do total. No entanto, aproximadamente 56% da produção ainda é escoada pelos portos de Santos-SP e Paranaguá-PR.

No mesmo período, as importações de Mato Grosso cresceram de US$ 158 milhões em 2000 para US$ 3,2 bilhões em 2023. Esse aumento é principalmente devido às importações de adubos, que representaram mais de 70% do total.

As importações de fertilizantes pelo estado também incluíram países banhados pelo Oceano Pacífico, como Canadá, Rússia e China, mas a maior parte desses produtos ingressou no Brasil pelos portos de Santos-SP e Paranaguá-PR.

Quais são as obras previstas na Rota Quadrante Rondon?

Construção da BR-174/MT – Projeto - A ampliação da BR-174 no Mato Grosso representa um investimento necessário para integrar uma importante área produtiva do noroeste do Mato Grosso com o sul de Rondônia, ao conectar as cidades de Colniza-MT e Vilhena-RO. 
Aeroporto de Cáceres/MT – Obra - O aeroporto é um importante canal de acesso ao Pantanal e importantes cidades do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
BR-070/174/364/MT - Cuiabá/MT - Vilhena/RO e Entr. BR 174 - Sapezal/MT – Obra A obra promove a melhoria da infraestrutura em uma região altamente produtiva e exportadora, como Campo Novo dos Parecis-MT, Sapezal-MT e Vilhena-RO.
Construção de Infovia estadual MT – Obra - Conecta 5000 km de cabos de fibra óptica para mais de 20 municípios mato-grossenses e chega até a fronteira com a Bolívia. A obra se encontra em execução.
Adequação da BR-070/MT – Projeto - A BR-070 é um importante corredor de integração nacional, conectando Brasília-DF com Cáceres-MT, ao longo de 1300 km. É fundamental para o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste, a principal região do agronegócio do país.
Aeroporto de Cuiabá/MT – Obra - No Aeroporto Marechal Rondon, a concessionária prevê a conclusão das obras de ampliação e modernização do terminal ainda em 2024.
BR-163/MT - Div. MT/MS - Sinop/MT – Obra - A BR-163 é fundamental para a articulação de uma das regiões agrícolas mais produtivas e exportadoras do Brasil. São 800 km entre Ouro Branco do Sul-MT e Sinop-MT, passando por Lucas do Rio Verde-MT e Sorriso-MT. Em seguida, a carga segue para o norte.
Extensão da Malha Norte – Obra - O objetivo do atual projeto é adicionar 600 km na atual ferrovia, para conectá-la com o epicentro do agronegócio de Mato Grosso. O novo trecho incorpora os municípios de Lucas do Rio Verde e Nova Mutum, além da capital Cuiabá-MT.
EF-170 - Ferrogrão – Estudo - O projeto prevê que a ferrovia, com quase 1000 km, conecte Sinop-MT com o porto de Miritituba, em Itaituba-PA com finalidade de escoar grãos do Centro-Oeste pelos portos do Arco Norte.
BR-163/MT/PA - Sinop/MT - Miritituba/PA – Obra - Este trecho da rodovia tem a função de escoar grande parte da produção de grãos do Centro-Oeste ao longo de 1000 km até o porto de Miritituba. Em seguida, as cargas seguem por via fluvial até o rio Amazonas e, então, para o oceano Atlântico.
Outras grandes Rotas
O projeto das cinco rotas de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano surgiu como uma demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois que o Consenso de Brasília, que reuniu líderes da América do Sul no dia 30 de maio de 2023 na capital federal, decidiu pela retomada da agenda da integração regional.

Entre os mais de 9,7 mil projetos do Novo PAC, foram identificados 190 com potencial de contribuir com a integração regional. A seleção dos projetos não pretendeu ser definitiva. O MPO está em diálogo com os governos e a sociedade civil dos Estados fronteiriços e com os países vizinhos para aprimorar as cinco rotas.

Além dos recursos orçamentários, as obras de integração no território brasileiro podem contar com um financiamento de US$ 3 bilhões do BNDES (cerca de R$ 15 bilhões), enquanto os bancos regionais de desenvolvimento (Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID), Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) e Fonplata disponibilizaram outros US$ 7 bilhões.

Durante séculos, o foco do Brasil no comércio eram os países da Europa e os Estados Unidos, o que privilegiou as rotas pelo Atlântico.

Nas últimas décadas, ocorreram, simultaneamente, um deslocamento do eixo econômico mundial para a Ásia e a expansão da produção brasileira rumo aos Estados do Centro-Oeste e do Norte. O resultado foi o forte incremento do comércio com os países asiáticos.

Em 2002, quando a agenda de integração sul-americana tinha acabado de ser inaugurada a partir do antigo Ministério do Planejamento, a corrente de comércio entre o Brasil e os vizinhos era parelha com a asiática. O Brasil importava US$ 8,7 bilhões dos vizinhos da América do Sul e US$ 8 bilhões dos asiáticos.

Nas exportações, os valores também eram próximos: US$ 7,4 bilhões em bens e serviços para os países da América do Sul e US$ 8,8 bilhões aos asiáticos. Desde então, as exportações para a Ásia explodiram: chegaram a US$ 152,4 bilhões em 2023. Para os vizinhos, o crescimento foi mais modesto, atingindo US$ 40 bilhões.

Os dados sugerem que o Brasil pode aumentar o comércio com os países vizinhos e indicam a necessidade de novas rotas, mais curtas e logisticamente menos custosas, diante da força das exportações e importações com a Ásia.

Daniel Azevedo Duarte
Agrofy News

Fonte: Agrofy News

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