Arroz já colhido no RS supera consumo anual no paÃs
Mesmo assim, governo federal insiste e mantém leilão para importar arroz
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou ontem (dia 13) a nova estimativa para a safra de grãos e confirmou o que entidades e produtores do Rio Grande do Sul já vem alertando há algum tempo: o agro gaúcho mesmo com as chuvas que castigaram o estado tem capacidade para atender a demanda nacional.
Segundo Conab, o Rio Grande do Sul já colheu 10,4 milhões toneladas de arroz e a demanda no Brasil é de 10 milhões de toneladas. Portanto, o Brasil tem arroz para atender a demanda interna.
A colheita no estado já foi finalizada, de acordo com a estatal. O estado gaúcho é responsável por 70% da colheita nacional do cereal.
“De maneira geral, houve aumento na área plantada em comparação ao total semeado na temporada anterior, algo motivado à época da semeadura pela expectativa de bons preços praticados no mercado do cereal. Porém, o rendimento médio deverá ficar comprometido por conta dos danos às lavouras sul-rio-grandenses”, diz a Conab em nota.
De acordo com a estatal, a produtividade média das lavouras de arroz no país teve recuo de 2% entre o oitavo e o nono levantamento, saindo de 6,66 quilos por hectare para 6,5 quilos por hectare, reflexo do impacto das chuvas no Rio Grande do Sul.
Mais uma vez
Ontem, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) voltou a afirmar que não existe risco de desabastecimento no Brasil.
“Temos um aumento de área e um aumento de produção, mesmo com a quebra de parte da safra gaúcha. Além disso, tivemos uma redução nas exportações, de cerca de 300 mil toneladas, que ficarão no mercado interno. Então, onde está a justificativa técnica de tomar tal atitude?”, questiona o presidente da Federarroz, Alexandre Velho, em entrevista à Agência Brasil.
A entidade considerou acertada a anulação do leilão público para a compra de arroz importado, porque não há necessidade de importar o cereal para abastecer o mercado interno.
O leilão realizado pelo governo foi anulado na terça-feira (11) devido a questionamentos sobre a capacidade técnica e financeira das empresas vencedoras.
Nada muda
Apesar dos números oficiais, o governo federal garante que vai manter o leilão. O edital do novo leilão de arroz importado deve sair no prazo de uma semana até dez dias, garantiu o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.
Na terça-feira (dia 11), o governo anulou a compra de 263,3 mil toneladas de arroz importado após avaliar que a maioria das empresas vencedoras não tinha capacidade financeira de honrar os contratos.
No anúncio do cancelamento, o governo informou que o novo edital terá a participação da Controladoria-Geral da União (CGU), da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Receita Federal para que as empresas participantes sejam analisadas antes do leilão.
O leilão cancelado também foi marcado por um conflito de interesses. O secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller, pediu demissão após suspeitas após informações de que o diretor de Abastecimento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Thiago dos Santos, responsável pelo leilão, tinha sido indicado diretamente pelo ex-secretário.
Erro
Segundo o presidente da Fedearroz, a importação de arroz pelo governo para vender a preço subsidiado pode desestimular os produtores nacionais e aumentar a dependência externa do cereal.
“Se o governo insistir nesse erro, vai estar trazendo uma grande ameaça não só ao setor produtivo, mas às cooperativas e às indústrias, e a área de arroz do próximo ano pode voltar a diminuir, trazendo uma dependência cada vez maior da importação de um arroz que custa a mesma coisa, ou mais caro, e não tem a mesma qualidade do nosso produto”, disse Alexandre Velho.
Por redação | Agrofy News