O impacto do El Niño em Mato Grosso do Sul

Publicado no dia 28/05/2024 às 17h02min
Aprosoja/MS diz que é o pior cenário dos últimos dez anos

A safra 2023/2024 trouxe um misto de expansão e desafio para os produtores de soja em Mato Grosso do Sul. Com um aumento de 5,2% na área plantada, atingindo 4.214.000 hectares, o estado enfrenta uma significativa queda de produtividade devido às condições climáticas adversas. Gabriel Balta, coordenador técnico da Aprosoja/MS, explica que a produtividade média caiu para 48,84 sacas por hectare, uma redução de 21,8% em relação ao ciclo anterior. "Essa diminuição resulta em uma produção total de 12,347 milhões de toneladas, representando uma retração de 17,7%", destaca Balta.

A análise regional revela disparidades na produtividade. A região norte, responsável por 15,6% da área de soja, alcançou 61,79 sacas por hectare. Em contraste, a região central, que abrange 22% da área monitorada pelo projeto SIGMS, teve uma produtividade de 47,62 sacas por hectare. Já a maior parte da área de cultivo, cerca de 62,4%, monitorada pelo projeto SIGA, registrou 46,4 sacas por hectare.

A queda na produtividade pode ser atribuída principalmente às condições climáticas desfavoráveis. "A falta de chuva e o aumento das temperaturas foram os principais fatores para a redução da produtividade", comenta Gabriel Balta. Dados do Centec MS indicam que as temperaturas médias entre setembro e dezembro de 2023 foram 3,5 graus mais altas, e de janeiro a abril de 2024, 2,5 graus mais altas do que no mesmo período do ano anterior. Além disso, a precipitação foi entre 40% e 60% menor do que o esperado. Esse cenário foi exacerbado pelo fenômeno El Niño, que intensificou as alterações climáticas em Mato Grosso do Sul.

Para enfrentar esses desafios, a tecnologia e as práticas de manejo adaptativo se tornam cada vez mais importantes. "Investir cada vez mais em monitoramento do clima dentro da lavoura é uma solução. Mas o caminho a ser explorado é a irrigação", sugere Balta. Mato Grosso do Sul possui abundantes recursos hídricos que ainda são subutilizados, e o avanço nessa área depende também de melhorias na infraestrutura elétrica do estado.

Além disso, os agricultores adotam estratégias como o plantio direto, utilizado por 99,8% dos produtores, que envolve o plantio sobre a palhada de milho ou braquiária, ajudando a conservar a umidade do solo e a reduzir a erosão. O escalonamento da safra, plantando em intervalos diferentes, também é uma prática comum para mitigar os danos causados por variações climáticas. Outro aspecto fundamental para melhorar a eficiência produtiva são os treinamentos regulares oferecidos aos agricultores. "Todo ano temos treinamentos sobre plantabilidade, pulverização e colheita, onde visa mitigar cada vez mais os erros de operação que no final diminui a efetividade da produção", afirma Gabriel Balta.

AGROLINK - Aline Merladete
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Fonte: Agrolink