Armadilhas de baixo custo combatem praga da bananeira
A armadilha do tipo cunha captura 40% dos insetos de uma área
Foto: Canva
Os pesquisadores da Embrapa Mandioca e Fruticultura, situada na Bahia, desenvolveram armadilhas sustentáveis e econômicas para combater o besouro Cosmopolites sordidus, transmissor da temida broca-do-rizoma, uma das principais ameaças à cultura da bananeira no Brasil. Conforme informações divulgadas pela Embrapa, estas armadilhas, feitas com pedaços de pseudocaule ou rizoma cortados de bananeiras já colhidas, atraem o inseto por meio do odor característico das plantas. Uma vantagem adicional é que a armadilha do tipo cunha pode ser utilizada em sistemas orgânicos de produção, sendo associada ou não ao controle biológico com o fungo Beauveria bassiana, que parasita insetos, levando-os à morte ou incapacidade.
O Cosmopolites sordidus, conhecido como moleque-da-bananeira, é um inseto vetor da broca-do-rizoma, medindo aproximadamente 11 cm de comprimento por 5 cm de largura na fase adulta. Esta praga representa um grande desafio para os produtores de bananeira e plátanos, com perdas na produção que podem chegar a até 80%.
Segundo a Embrapa, o ativo principalmente durante a noite, o Cosmopolites sordidus passa o dia em ambientes úmidos e sombreados, como as touceiras e os restos culturais presentes no solo do bananal. Seu ataque severo, especialmente na fase larval, compromete a absorção de água e nutrientes pelas plantas, tornando-as mais suscetíveis a tombamentos e infecções por microrganismos patogênicos.
A solução proposta pela Embrapa, baseada em trabalhos de domínio público, oferece uma nova abordagem sustentável e eficaz para controlar o moleque-da-bananeira, utilizando recursos disponíveis nas propriedades rurais. “Utilizamos um conhecimento que já vem de longa data que é o inseto adulto ser atraído pelos odores da planta: o pseudocaule ou o rizoma cortado. O inseto adulto vai sempre em busca de um novo hospedeiro para se desenvolver e iniciar o ciclo de infestação. Com base nessa informação, foram desenvolvidas as armadilhas para monitoramento do inseto adulto e toda a dinâmica em termos de monitoramento populacional foi feita com base no número de insetos encontrados nas armadilhas”, explica a entomologista Marilene Fancelli, pesquisadora da Embrapa que estuda o monitoramento do inseto há mais de 20 anos.
"O nível de controle varia de dois até cinco insetos por armadilha, sendo o máximo de cinco em caso de bananais mais velhos. As armadilhas de monitoramento mais conhecidas são do tipo queijo e telha, que têm esses nomes devido ao formato, mas avaliações realizadas pela Embrapa desde 2015 em cultivo de plátanos na região baixo-sul da Bahia demonstram a superioridade de uma outra armadilha, em formato de cunha, que contribuiu com 40% dos insetos capturados na área, sendo que os outros dois tipos capturaram 30% cada", segundo dados da Embrapa
A armadilha do tipo telha é fabricada utilizando o pseudocaule da bananeira, a parte que se projeta acima do solo e é cortada a uma altura de cerca de 60 centímetros. Ao cortar longitudinalmente esse caule, obtêm-se duas armadilhas. “Quando esse material é colhido, a parte cortada fica no solo; invertemos a sua posição e o inseto vai ser atraído pela armadilha e fica naquela parte cortada em contato com os odores da bananeira”, explica a pesquisadora.
Estas armadilhas são preparadas com bananeiras já colhidas, sendo mais atrativas após o florescimento e a colheita. Portanto, esse material tem maior atratividade para o inseto. Recomenda-se cortar a parte basal da planta, que é mais úmida. “Essas telhas têm que ficar na base da touceira ao lado da bananeira que ainda não produziu o cacho, daí ela vai ‘protegendo’, digamos assim”, continua.
Segundo informações encontradas na literatura, a armadilha tipo queijo é aproximadamente dez vezes mais atrativa do que a armadilha tipo telha e deve ser montada até 15 dias após a colheita para manter a umidade adequada e atrair os insetos adultos. A pesquisadora descreve o processo: “Faz-se um corte bem baixo no nível do rizoma, a cerca de 15 centímetros de altura. É um corte parcial de forma que se mantenha ainda o pedaço do pseudocaule unido à parte de baixo do rizoma. Ele vai abrir como se fosse uma boca, deixando uns 10% de área ainda sem cortar. Dessa forma, pode-se até colocar um apoio para favorecer a liberação dos gases que atraem os insetos.”
Por outro lado, a armadilha tipo sanduíche é criada colocando as duas partes resultantes do corte do pseudocaule uma sobre a outra na posição horizontal, junto à base da touceira de banana. “Fica, então, uma telha embaixo e outra em cima. Os insetos atraídos vão ficar entre uma fatia e outra”, relata Fancelli.