Agricultura devolve mais de 99,9% da água à natureza

Publicado no dia 22/03/2024 às 16h10min
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Apontada por muitos como vilã dos recursos hídricos, a agricultura devolve até 99,9% da água utilizada ao ciclo da natureza. A análise foi feita na cultura de milho, a segunda principal commodity do agro brasileiro, por pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa.

Segundo um autor do estudo, o professor sênior Everardo Mantovani, isso ocorre graças à evapotranspiração das próprias plantas, que mantém apenas um pequeno percentual do líquido em suas folhas, grãos e raízes.

De acordo com o cálculo, caso sejam aplicados 622 litros de água (seja por irrigação ou chuvas) para produzir um quilo de milho, o vegetal reterá apenas 0,39 litros em suas estruturas, ou seja, 0,06%. Já a evapotranspiração devolverá ao ambiente 99,94% do total.

O nível de retorno hídrico ao meio ambiente das diferentes culturas agrícolas e pecuárias é sempre alto, desde que a água não seja inutilizada por algum tipo de contaminação.

Esse inclusive é outro aspecto ignorado nas estatísticas sobre consumo de água. Elas frequentemente apontam de forma descontextualizada a agropecuária como responsável por 70% do “uso de recursos hídricos”.

Os estudos da Universidade Federal de Viçosa apontam que a irrigação utiliza 49,8% da água retirada das bacias hidrográficas, não de toda a vazão dos rios, o que é muito diferente.

Para ser mais exato, a irrigação de lavouras e pastos utiliza 1.038,1 M³ de água por segundo no Brasil, o que significa menos de 0,6% da vazão total média dos rios brasileiros.

“E isso não inclui a evaporação da água que volta ao ciclo natural. Chamo isso de rios voadores da agricultura irrigada. Esta análise muda todo entendimento de uso de água pela agricultura irrigada”, diz o professor que é uma referência internacional no tema.

Em outras palavras, os cálculos usuais consideram que o abastecimento urbano “devolve” até 90% da água utilizada, mas não faz o mesmo para o caso da agropecuária, o que seria um problema metodológico.

Os segmentos com maior consumo de água são:

Irrigação – 49,8% da água retirada e 0,57% da vazão mínima total dos rios brasileiros,
Abastecimento urbano – 24,3% e 0,26%
Indústria – 9,70% e 0,13%
Uso animal – 8,4% e 0,11%
Termelétrica – 4,5% e 0,06%
Mineração – 1,7% e 0,03%
Abastecimento rural – 1,6% e 0,02%
O professor Everardo acrescenta também que tais números não incluem as águas subterrâneas (apenas rios de superfície), nas quais o Brasil é muito rico. “Ainda assim, diversas entidades públicas e privadas estão atentas a possíveis estresses e critérios científicos para outorga de água”, comenta.

Irrigação no Brasil: presente e futuro
Apesar de ser um dos cinco maiores produtores de alimentos do mundo, o Brasil está apenas em 9º lugar quando o assunto é dimensão irrigada, atrás de países como México, Paquistão e Irã.

Segundo divulgação da FAO de 2019, a China lidera com incríveis com incríveis 69 milhões de hectares irrigados, seguida por Índia com 66,7 milhões e Estados Unidos com 26,4 milhões. Os dados referem-se ao ano de 2012, quando o Brasil teria 5,4 milhões de hectares irrigados.

O professor Everardo atualiza os dados sobre o Brasil para 9,2 ou 9,5 milhões de hectares em 2022, pouco mais de 11% da área agrícola do país, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA) e a Abimaq.

Entre as culturas mais destacadas por este critério, estão a cana-de-açúcar (seja de água ou fertirrigação), arroz, café e outras culturas.

“Um aspecto muito importante é a evolução tecnológica da irrigação, com o Brasil dispondo das mais avançadas técnicas desenvolvidas no mundo, chegando até emissores de precisão e automação total por satélite. A evolução reduz significativamente o consumo de água e de energia”, ressalta.

Entre 2002 e 2012, as principais técnicas por ganho de área no país foram:

Aspersão Convencional - 331.607 há ou 13%
Aspersão Localizada - 775.826 há ou 31%
Pivô Central - 1.253.836 há ou 49%
Carretel - 177,125 há ou 7%
Segundo ele, o Brasil tem um potencial físico-hídrico para irrigar até 55 milhões de novos hectares, mas o potencial efetivo gira ao redor de 13,69 milhões de hectares, seja com irrigação em sequeiro ou pastagens sem necessidade expandir a área de produção.


Daniel Azevedo Duarte
Agrofy News
Editor-chefe do Agrofy News Brasil

Fonte: Agrofy News

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