Bolsonaro lota Avenida Paulista, nega plano de golpe, mas admite minuta
Estimativas divergem sobre público, mas todos admitem demonstração de força
Redação | Agrofy News
"Anistia aos pobres coitados que estão presos em Brasília", disse o ex-presidente.
O Ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para sua defesa contra a acusação de planejar um golpe de estado lotou, ontem (dia 25), a Avenida Paulista, em São Paulo (SP).
O público foi estimado entre 185 mil e 750 mil pessoas, segundo diferentes avaliações, que se manifestaram de forma pacífica, sem registro de violência ou depredações.
Apesar das divergências sobre o número de participantes, a leitura política é praticamente unânime sobre o apoio popular de boa parte da população ao ex-presidente.
Os manifestantes vestiam camisetas da seleção brasileira de futebol e levavam bandeiras do Brasil e de Israel. Contudo, eles não exibiram faixas e cartazes a pedido do próprio ex-presidente para evitar ataques especialmente ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Bolsonaro é investigado pela Polícia Federal (PF) e pelo STF sobre o ataque de 8 de janeiro de 2023 à sede dos Três Poderes em Brasília - com tentativa de abolição do estado democrático de direito e de golpe de Estado.
Ele admitiu a existência de uma minuta de texto que previa decretação de estado de sítio, prisão de parlamentares e ministros do STF. Por outro lado, ele argumentou que se tratava de uma medida constitucional: a declaração de estado de sítio.
“Bolsonaro queria dar um golpe. O que é golpe? Golpe é tanque na rua, arma, conspiração, nada disso foi feito no Brasil. Querem entubar a todo nós um golpe usando um dispositivo da Constituição, cuja palavra final seria do Parlamento”, disse.
Cópias desse documento foram encontradas pela PF na casa do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, e no escritório do PL, em Brasília, partido ao qual o ex-presidente é filiado.
A minuta também foi citada nas delações do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da presidência da República, que está preso. Há ainda outros elementos que estão sendo investigados como o vídeo de uma reunião realizada no Palácio da Alvorada em julho de 2022.
Na ocasião, auxiliares diretos do ex-presidente e de um grupo de militares sugeriram alternativas de ataque ao sistema eleitoral eletrônico e à eleição presidencial de 2022.
Em seu discurso, o ex-presidente, que está inelegível até 2030 por abuso de poder econômico pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pediu anistia àqueles que foram condenados pelos ataques de 8 de janeiro.
“Anistia aos pobres coitados que estão presos em Brasília. Não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos. Precisamos de um projeto de anistia para que seja feita justiça no Brasil e quem, por ventura depredou o patrimônio, que pague”, disse.
Público
As estimativas sobre o público no Ato variam de 185 mil participantes em seu ápice, segundo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), e 750 mil pessoas de acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo.
No caso da USP, o levantamento foi feito a partir de imagens analisadas por um software. Foram tiradas 43 fotos entre as 15h – horário aproximado da chegada de Bolsonaro à manifestação – e as 17h, quando ele já havia ido embora.
Cada uma dessas fotos foi repartida em 8 pedaços, que foram submetidos a um software que identifica cabeças e estima a quantidade de pessoas na imagem.
No caso da SSP, o cálculo da Polícia Militar é de que 600 mil pessoas se concentraram na avenida – o número sobe para cerca de 750 mil, considerando as ruas adjacentes.