Manejo otimiza resultados de forrageiras no Semiárido

Publicado no dia 19/02/2024 às 11h02min
Estratégias de manejo como a escolha de plantas adaptadas e observação do melhor momento para o plantio podem otimizar os resultados de forrageiras no Semiárido brasileiro.

Estratégias de manejo como a escolha de plantas adaptadas e observação do melhor momento para o plantio podem otimizar os resultados de forrageiras no Semiárido brasileiro. As alternativas e o planejamento de agricultores podem, inclusive, minimizar os impactos de anos em que o período de chuvas tenha precipitações abaixo da média nas regiões.

Segundo o engenheiro agrônomo José Wilson Bezerra, analista de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral-CE), em anos de previsão desfavorável para a estação chuvosa, os agricultores devem ficar mais atentos a um planejamento de plantio diferente.

“Haverá um espaço menor de tempo para viabilizar a cultura agrícola, então isso leva o produtor a enxergar aquilo que é mais viável, considerando o período de chuva menor”, destaca Bezerra.
De acordo com o engenheiro agrônomo, para o Semiárido brasileiro, espécies de culturas anuais como o milho, sorgo e milheto são boas alternativas para a produção de alimento aos rebanhos. Na escolha dessas plantas e de suas variedades, é importante que os agricultores observem a resistência apresentada a condições climáticas adversas, como a escassez de água, e também os períodos de ciclo das culturas.

“Existem plantas que têm maior resistência à seca. Por tradição, o milho é o que o agricultor gosta de plantar, mas nesse caso se você tem um período chuvoso de maior instabilidade você corre mais risco de plantar o milho. Se o seu objetivo é alimentar os animais, a recomendação é que você faça a escolha pelo sorgo, porque o sorgo tem uma maior resistência à falta de umidade”, exemplifica José Wilson, acrescentando que o milheto também surge como boa alternativa, por apresentar ciclo total menor e maior resistência à falta de água que o milho e o sorgo.

Já no caso da escolha dentro da mesma espécie de planta, o especialista indica que é importante observar diferenças de ciclos entre variedades: se a previsão é de um período de chuvas menor, cultivares de ciclos mais precoces podem ser melhor opção.

“Por exemplo: o milho BRS 2022, que é um milho muito recomendado para silagem aqui em nossa região, o florescimento dele se dá em aproximadamente 62 e 65 dias. Se você optar pelo milho BRS Gorutuba, esse florescimento pode se reduzir para 50 dias. Isso já dá 12 dias de diferença, então é esse tipo de observação que o agricultor precisa fazer”, ressalta ele.

O engenheiro agrônomo chama atenção também para que os agricultores observem sempre os indicadores de previsão meteorológica de órgãos oficiais e também das recomendações para os momentos de plantio mais adequados, baseadas em pesquisas de zoneamento agrícola.

Uma ferramenta importante para se ter este tipo de informação, segundo Bezerra, é o aplicativo ZARC Plantio Certo, que orienta agricultores para as melhores datas de plantio e para taxas de risco de perdas de culturas por condições meteorológicas adversas. Esta observação, segundo ele, reduz os riscos dos veranicos – períodos em que ocorre interrupção de precipitações durante a quadra chuvosa – para o desenvolvimento das culturas agrícolas.

Diversificação de oferta de forrageiras

Outra estratégia válida para a pecuária no Semiárido é diversificar os tipos de plantas forrageiras na propriedade rural, para garantir oferta de alimento aos animais durante todo o ano. A Embrapa tem recomendado a estratégia do Cardápio Forrageiro, que combina plantas gramíneas (para pastagem e silagem), cactáceas e lenhosas para garantir pastagens e também reserva de alimento para os períodos secos.

“Quando se fala em produção de alimento volumoso para os animais, muitas vezes se dá mais atenção a gramíneas, mas temos as leguminosas: a gliricídia e a leucena são exemplo de espécies que podem ser interessantes. Depois que você as estabelece na sua área, você consegue manter essa espécie ano a ano, inclusive atravessando períodos com maior dificuldade de chuva”, ressalta José Wilson.

O agrônomo alerta, porém, que os agricultores do Semiárido devem ter formas de planejamento para ter reserva de alimento nos períodos mais críticos e também para o plantio de espécies como as leguminosas.

“Em um ano com indicativo de seca, em fevereiro não dá mais para se programar para ter gliricídia na propriedade, porque é espécie que você tem que ter um planejamento anterior. O ideal é que você estruture a gliricídia em um ano de média normal de chuva, assim existe maior possibilidade de sucesso”, afirma ele.

Estratégias permanentes de convivência

De acordo com José Wilson, há alternativas de manejo de pastagens que podem ser adotadas a partir do momento em que se verifica a escassez de chuvas, como a técnica de diferimento, em que acontece a retirada dos animais de uma área de campo de forma a promover um descanso planejado da pastagem. Elas, porém, têm alcance mais limitado na mitigação dos impactos de um período seco, sendo mais recomendado que o produtor se antecipe e adote estratégias permanentes para a convivência com a seca no Semiárido brasileiro.

Essas estratégias vão além do manejo de pastagens, envolvendo também a captação de água da chuva para reserva (por meio de tecnologias como cisternas e barragens), a adoção de sistemas de irrigação de pequeno porte e a seleção de animais de raças mais rústicas para compor os rebanhos.

“Normalmente o agricultor que permanece no Semiárido já cuida bem disso, mas em anos de anormalidade na quadra chuvosa ele tem que redobrar os cuidados. Se ele tem planejamento e observa esses aspectos, estará fazendo o dever de casa para que sofra menos os efeitos da seca e das questões climáticas”, frisa o analista.

As informações são do Globo Rural, adaptadas pela equipe MilkPoint.

Fonte: MilkPoint

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