Com clima ainda adverso, colheita da soja chega a 65% em MT
Produtores ainda enfrentam problemas com pragas, como mosca branca, e plantas daninhas que auxiliam ainda mais a diminuir a produtividade
Foto: Canal Rural Mato Grosso
A colheita da soja em Mato Grosso chegou a 65,07% da área destinada no ciclo 2023/24. Apesar de seguir acima da média histórica, os trabalhos nas lavouras, que antes enfrentavam a falta de chuva, agora se deparam com o excesso de umidade causando transtornos e ameaçando a qualidade do restante da produção.
Entre os dias 9 e 16 de fevereiro a colheita do grão no estado avançou 13,58 pontos percentuais, segundo levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
As regiões médio-norte e oeste seguem como as mais adiantadas com os trabalhos, registrando 85,09% e 84,92% de suas áreas colhidas. Já a norte 65,54% e a noroeste 64,82%.
Ainda conforme os dados do Instituto, no centro-sul de Mato Grosso foram colhidas 57,8% da soja, no sudeste 49,99% e no nordeste 42,81%.
A média histórica dos últimos cinco anos é de 57,85%. Na safra 2022/23 as máquinas já haviam passado retirando a soja das lavouras em 60,03% da área nesta época.
Excesso de chuvas, pragas e plantas daninhas
Se o plantio foi de seca em todo o estado, a colheita agora sofre com o excesso de umidade. Em algumas regiões São Pedro continua tirando o sono dos produtores e frustrando as expectativas de quem apostava nas últimas áreas semeadas obter melhores rendimentos.
Em Nova Mutum, como destacado na última semana no episódio 124 do Patrulheiro Agro, no Canal Rural, a alta umidade no campo causada pelas chuvas vem trazendo transtornos e ameaça para a produtividade. É o caso do produtor rural Alexandre Rochemback em 200 dos 600 hectares de soja cultivados.
De acordo com o produtor, a soja nasceu perfeita, contudo, “quando granou, faltou chuva durante 40 dias e aí não encheu o grão. A melhor média até agora foi de 48 sacos, isso prejudicado pela estiagem”. Ele comentou que tinha esperança nas últimas áreas, porém o excesso de chuvas agora frustra as suas expectativas.
“Chuto alto que fecha em média 35 sacos… A conta não fecha e para recuperar isso vão umas três, quatro safras”.
Além do excesso de chuvas em algumas localidades, há também a preocupação com o aumento da incidência de pragas, como a mosca branca, e de plantas daninhas, principalmente o capim pé-de-galinha, que além de aumentar ainda mais o custo de produção, prejudicam a produtividade.
Em Campo Verde, o controle do capim pé-de-galinha se tornou um desafio para o produtor Fernando Ferri. Em entrevista ao Canal Rural, ele salientou que neste ano o manejo este ano ficou ainda mais difícil. Mais resistente aos herbicidas disponíveis no mercado, a planta daninha foi favorecida pelo clima adverso, que passou a disputar mais espaço com a soja em alguns talhões.
Assim como a incidência de plantas daninhas, o clima adverso visto nesta safra 2023/24 também favorecendo a proliferação da mosca branca nas lavouras de soja semeadas com cultivares mais tardias. Em algumas propriedades a estimativa é dobrar o número de pulverizações para tentar conter a pressão dos insetos.
“Está muito agressivo esse ano. A cada semana, dez dias, a gente está fazendo aplicação. Geralmente fazíamos duas aplicações para mosca branca e agora está em torno de quatro aplicações. É um ano muito complicado. A reta final dessas sojas mais tardias vai ser muito difícil segurar a pressão”, declarou o produtor Flávio Kröling, de Diamantino, recentemente ao Canal Rural.