Falta de infraestrutura leva produtores a investirem em armazéns
Apesar do Brasil ser reconhecido como um dos maiores produtores de grãos do mundo, o país ainda enfrenta o desafio da armazenagem
Fonte: Canva/ Direitos Adquiridos
AGRICULTURA
Com os preços da soja achatados e os custos de produção elevados, as margens de lucro do produtor despencaram na safra atual.
Uma das estratégias do produtor é reter a colheita até os preços reagirem, mas, atualmente, não se tem onde guardar todos os grãos produzidos no Brasil. Pelo menos 135 milhões de toneladas ficam vulneráveis, conforme os dados oficiais divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Este problema acontece desde 2011, a capacidade de armazenagem do país é inferior ao volume de grãos produzidos.
Os Silos metálicos são os mais conhecidos, no interior das unidades sensores monitoram a temperatura, umidade e a ventilação que garantem qualidade e segurança dos grãos.
Cada produto exige condições específicas, a soja, por exemplo, precisa de umidade próximo a 11%.
Para Paulo Bertolini, presidente da Cseag da Abimaq, o problema da safra reduzida por questões climáticas está sendo agravado pela falta de armazéns suficientes para receber a produção brasileira, que tem crescido em média 10 milhões de toneladas por ano, enquanto a capacidade estática de armazenagem só cresce 5 milhões de toneladas.
“No ano passado, na safra que encerrou 22/23 o déficit alcançou 125 milhões de toneladas. Apesar da quebra de safra prevista para esse ano, ainda vai faltar muito armazém e isso faz com que o agricultor tenha que se ver livre do produto, ofertando no momento de pico a sua produção porque não tem aonde processar esse grão e de armazenar esse grão. Isso faz com que os preços venham a cair”, disse Bertolini.
A ampliação dos espaços de armazenagem de grãos é uma das estratégias da Cooperativa Agroindustrial de Maringá, no Paraná. A cooperativa tem unidades espalhadas por diversas regiões produtoras do país e nessa safra projeta inaugurar mais dois silos, um no Mato Grosso e outro em Tocantins e, assim, ampliar a capacidade de retenção dos grãos em mais 20%.
Para Leandro Teixeira da Cocamar, o produtor segurar as vendas pode impactar o armazenamento da safra de inverno.
“Então o produtor não comercializar seu produto pode ser um problema para a cooperativa em termos de armazenagem.”
O governo oferece linhas de financiamento para construção de armazéns com juros subsidiados de até 7%. O Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, acredita que pode aumentar o volume de armazenamento ainda na safra atual.
“É total é empenho do Ministério da Agricultura para garantir armazenagem para escoar isso durante todo o ano com mais flexibilidade”, afirma Fávaro.
Para a Cooperativa do Paraná, os custos financeiros ainda são elevados
Leandro Teixeira acredita que este ainda não é o momento para fazer o investimento. Segundo ele, as taxas de juros para se investir em armazéns não são adequadas
“Acreditamos, inclusive, que com a atual queda das taxas de juros, para o final do ano/ início do ano que vem, deveremos ter taxas um pouco melhores para fazer esses investimentos.”
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