CNA discute impactos da queda do preço da arroba do boi para o produtor

Publicado no dia 19/12/2023 às 16h59min
Entidade participou de audiência pública na terça (19), na Câmara dos Deputados 19 de dezembro 2023 POR CNA

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, na terça (19), a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) debateu os impactos da queda do preço da arroba do boi gordo para o produtor rural.

O assessor técnico da CNA, Rafael Ribeiro, apresentou a variação dos preços no mercado doméstico e os principais fatores que colaboraram para a pressão de baixa, como a maior oferta de animais, demanda interna fraca e a queda nas exportações.

Segundo dados do Cepea, em março de 2022 foi registrado um pico próximo de R$ 350,00 na arroba do boi gordo em São Paulo. Desde então, o valor sofreu queda de 29,6%. Já em dezembro deste ano, o preço do boi gordo caiu 15,5% em relação ao mesmo mês do ano passado.

“A pressão sobre os preços pagos ao produtor impacta o resultado da atividade, principalmente no contexto de custos de produção em alta. Portanto, o elo da cadeia que mais tem sido prejudicado é o produtor rural”, disse.

Ribeiro falou sobre o abate total de bovinos nos últimos meses e como isso influenciou na disponibilidade de carne no mercado. “Com a queda de preços, o descarte de fêmeas se intensifica. Até o terceiro trimestre de 2023, o abate de novilhas cresceu 30,8% e o de vacas 20,9%, comparado ao mesmo período de 2022”.

Em relação às exportações brasileiras de carne bovina, o assessor afirmou que de janeiro a novembro deste ano, frente ao ano anterior, o volume de embarques caiu 2,2% e o preço médio e o faturamento reduziram em 20,8% e 22,6%, respectivamente.

“Os principais motivos para esse cenário de queda foram a doença da vaca louca (EEB) atípica registrada em fevereiro, que gerou suspensão das exportações para a China; a menor pressão de compra por parte do país asiático em razão da recomposição do plantel de suínos e da produção; e o menor ritmo de crescimento da economia chinesa”, explicou.

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De acordo com o representante da CNA, a expectativa de mercado de médio e longo prazos é de uma boa oferta de animais e pressão de baixa sobre os preços do boi gordo, animais de reposição e carne bovina; a manutenção dos custos de produção a patamares elevados, com destaque para combustíveis, mão de obra e energia; e atenção ao clima e produção de milho no Brasil em 23/24.

Durante a audiência, o assessor técnico comentou que diante do atual cenário do mercado do boi, a entidade solicitou ao Ministério da Agricultura a criação de linha emergencial de capital de giro, o aumento do prazo de reembolso da contratação de crédito de custeio pecuário com recursos obrigatórios e a renegociação de dívidas de operações de crédito contratadas entre 01/01/2021 e 01/09/2023.

Ao encerrar sua fala, Rafael citou o pedido da CNA ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para fazer parte do processo que avalia a compra de ativos nas operações com bovinos da Marfrig no Brasil pela Minerva. Para a Confederação, isso pode ampliar a concentração de mercado em determinados Estados do país.

“Dentre as consequências desse acordo podemos citar a redução na concorrência entre os frigoríficos, o que geraria menor poder de barganha do produtor, o aumento no custo do frete para o transporte dos animais até o abate e questões relacionadas ao bem-estar animal em função do aumento da distância. Os prejuízos se agravam em casos de fechamento de planta ou suspensões temporárias dos abates”, concluiu.

Assista a audiência na íntegra:


Telefone: (61) 2109-1419

Fonte: CNA

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