Paraná inicia Alerta Ferrugem para monitorar doença na soja
Influência do El Niño traz condições climáticas para que o problema chegue mais cedo e afete as lavouras de forma intensa
Foto: Pedro Silvestre
Pelo oitavo ano consecutivo, o Alerta Ferugem foi iniciado no Paraná. A iniciativa organiza uma rede de monitoramento da ferrugem-asiática, principal doença da soja e a que mais preocupa os agricultores, já que impacta diretamente na produtividade das lavouras.
Com o auxílio de coletores de esporos, distribuídos pelas regiões produtoras, agricultores e profissionais da assistência técnica têm como detectar a presença do agente que, combinado às condições climáticas favoráveis, pode causar a doença nas lavouras.
De acordo com especialistas, a ocorrência do El Niño pode antecipar o aparecimento da ferrugem neste ano. O principal dano causado pela doença é a desfolha precoce, impedindo a completa formação dos grãos, com consequente redução dos rendimentos da cultura.
Redução de fungicidas
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Coletor de esporos de ferrugem. Foto: IDR-Paraná
A exemplo das safras anteriores, espera-se que o Alerta Ferrugem reduza em mais de 30% o número de aplicações de fungicidas nos plantios de produtores que acompanham as informações divulgadas pelo monitoramento.
O coordenador estadual do projeto Grãos Sustentáveis do Instituto de Desenvolvimento do Paraná (IDR-Paraná), Edivan José Possamai, informa que, neste ano, aproximadamente 200 propriedades do estado contarão com os coletores de esporos. Além disso, 110 extensionistas do instituto estarão envolvidos na análise dos dados e assistência aos produtores.
“O coletor é mais uma ferramenta para o manejo da ferrugem-asiática da soja. Ele identifica a chegada dos esporos em uma região e ajuda a determinar o momento exato de fazer a aplicação de fungicida”, afirma.
Possamai explica que, além dos esporos, é preciso haver umidade e temperatura adequadas para o desenvolvimento da doença nas lavouras.
Segundo o coordenador, o sistema Alerta Ferrugem evita aplicações desnecessárias, precoces ou tardias de fungicida que não surtem qualquer efeito sobre a ferrugem.
Nas sete safras passadas, o monitoramento da doença teve um impacto relevante para os produtores. “Observamos uma redução de 38% no número de aplicações, sem perda de produtividade”, informa.
Ferrugem pode chegar mais cedo às lavouras
Nesta safra a ferrugem-asiática da soja pode chegar mais cedo nas lavouras do Paraná. De acordo com Possamai, dois fatores contribuem para esta antecipação:
O inverno ameno deste ano, sem geadas fortes, beneficiou o desenvolvimento da soja “guaxa” (plantas que nascem espontaneamente), sobretudo onde o vazio sanitário da soja não foi realizado com rigor, o que garantiu a sobrevivência da doença em plantas espontâneas;
O clima: o El Niño aumenta a ocorrência de chuvas e umidade, condição ideal para o desenvolvimento da doença.
Para enfrentar este cenário desfavorável, o Alerta Ferrugem divulga semanalmente orientações técnicas amparadas em informações dos coletores e condições meteorológicas.
A rede monitoramento é encabeçada pelo Instituto de Desenvolvimento do Paraná (IDR-Paraná), em parceria com Embrapa Soja, Sistema Federação da Agricultura do Paraná e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Faep/Senar) e universidades estaduais de Londrina (UEL) e Ponta Grossa (UEPG), Federal do Paraná (UFPR) e Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).