Óleo de soja disparou em Chicago. Alta deve permanecer?
Mesmo com problemas na produção de outros óleos, como o de canola e de palma, o subproduto da soja teve alta acima do esperado
Os contratos futuros de óleo de soja em Chicago dispararam desde que o Relatório de Área do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) trouxe uma redução na área destinada à oleaginosa na safra norte-americana.
De acordo com o analista de Grãos e Oleaginosas da hEDGEpoint Global Markets, Pedro Schicchi, apesar da sinalização do órgão, há uma reação exagerada do mercado.
“Embora a indústria tenha ficado desapontada com os mandatos de biodiesel apresentados pela EPA, eles ainda representaram um crescimento para a indústria, mesmo que não tão alto quanto o esperado antes do anúncio”, considera. Mais detalhes, no gráfico abaixo:
Segundo ele, se as proporções históricas de óleo de soja usado por galão de biocombustível produzido forem mantidas, isso significaria um crescimento anual de 20% no uso.
“O problema é que, além da queda da área, as estimativas de rendimento da soja também não são otimistas, limitando sua disponibilidade para esmagamento”.
Desta forma, o aumento do uso de óleo para a produção de biocombustível exigiria que o esmagamento crescesse em torno de 7%, enquanto a safra dos Estados Unidos deve ficar de estável a um pouco menor. “Embora a produção certamente não esteja definida, desenha-se um cenário apertado”.
Preços ultrapassaram o limite razoável
O analista da hEDGEpoint lembra que outros óleos vegetais têm seus próprios fundamentos altistas, com a safra de canola no Canadá não indo muito bem, a baixa produção de palma na Malásia e a quebra de safra na Argentina.
“Mesmo assim, os preços do óleo de soja nos Estados Unidos se destacaram demais desses produtos substitutos, assim como de outros como o sebo bovino. Nesse ritmo, faria sentido substituir o óleo de soja sempre que possível e, assim, minar o exato motivo que fez os preços subirem: seu uso para biocombustíveis.”
De acordo com Schicchi, outro fator que deve ajudar nesse sentido é o posicionamento dos especuladores na Bolsa de Chicago.
“Eles estavam muito vendidos no início do rali [do USDA] no final de junho, mas parecem ter perdido fôlego recentemente, uma vez que o clima melhorou nos Estados Unidos em julho e eles se aproximaram de uma posição líquida próxima às máximas de 5 anos.
Com todos esses fatores, o alto spread do óleo de soja dos EUA em relação ao restante pode sofrer uma correção, conforme o analista.
Contratos do complexo soja
Para a hEDGEpoint, a questão não é que os preços do óleo de soja nos Estados Unidos não devam ser altos, já que existe um cenário apertado por trás de tudo isso, mas sim que eles subiram muito em relação a produtos comparáveis, mesmo aqueles também com argumentos de alta.
“Dito isso, os riscos devem ser destacados. Embora o mercado climático esteja começando a enfraquecer para o milho, ele ainda tem mais algumas semanas de vida para a soja e, à medida que as previsões climáticas mudam, o mesmo acontecerá com os contratos futuros do complexo soja na CBOT”, destaca Schicchi.
Assim, para o analista, se o clima se mostrar desfavorável, isso pode manter o óleo de soja mais alto em relação ao resto do mundo por algum tempo, mesmo que a médio e longo prazo eles devam convergir. “Por outro lado, se a soja apresentar boas condições em agosto, essa alta nos preços do óleo corre riscos.”
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