Família do sertão baiano investe no plantio da alfafa irrigada
Comercializado para todo o Brasil, produto conta com alto teor de proteína e tem grande aceitação por parte dos criadores de cavalos para competição
Originária da Ásia Central, a alfafa é considerada a “rainha das plantas forrageiras”. Os dados de cultivo da leguminosa no Brasil são poucos. Para se ter uma ideia, as últimas informações oficiais são de um levantamento feito pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), em 2015, que mostram que a área cultivada no Brasil era de 30 mil hectares, dos quais cerca de 90% no Paraná e no Rio Grande do Sul, sendo o estado gaúcho o maior produtor do país.
Há 20 anos, o agricultor Arnaldo Dourado, de Irecê (BA), aposta no cultivo da alfafa irrigada no sertão da Bahia. Na propriedade situada entre os municípios de Uibaí e Ibititá, o produtor destina 30 hectares para o cultivo da forrageira. A produção forma mandalas gigantes em verde esmeralda, que são os destaques no pé da serra, chegando a produzir duas toneladas por tarefa a cada corte, que acontece em um período de 35 dias.
“Nosso objetivo até o final do ano é chegar a 50 hectares” — Arnaldo Dourado, produtor de alfafa
Arnaldo conta com a ajuda do filho, Miler Dourado Magalhães, para expandir os negócios da família, que cresce a cada ano e ganha novos mercados. “Hoje nossas áreas plantadas aqui são 30 hectares, divididas em várias etapas de 5 e 10 hectares. Nosso objetivo até o final do ano é chegar a 50 hectares. Já estamos com as áreas preparadas para isso, para iniciar o plantio agora no mês de abril”, conta o agricultor.
Segundo o produtor rural, houve uma perda recentemente no corte da alfafa por causa das chuvas. “Esse prejuízo não tem como a gente calcular quanto foi, mas, em compensação, ela torna a rebrotar e vai vir um novo resultado pra gente”, aposta ele.
A alfafa da família Dourado
Foto: Canal Rural/reprodução
A fazenda conta com maquinário e 15 funcionários, porém, a parte da fenação ou produção do fardo da alfafa fica por conta de Arnaldo e Miler. Todo o cuidado nas etapas do manejo garante o diferencial do produto, com o objetivo de preservar as características nutricionais da forrageira até chegar no cliente.
“A gente trabalha, geralmente, fazendo os cortes durante o dia. Corte e enleiramento feito pela manhã, que conserva o melhor teor de proteína e de vitaminas da alfafa e o processo de fenação é feito durante a noite, das 22h até 1h”, conta Miler. “É o momento que o teor de umidade está ideal, geralmente em torno de 15%. Eu e meu pai fazemos esse processo pra conservar melhor o fardo em termos de qualidade e para ter melhor rentabilidade da área.”
Trabalho de geração para geração
Foto: Canal Rural/reprodução
Com apenas seis anos, Joaquim Magalhães, filho de Miler, já conhece e divulga os benefícios da alfafa que a família produz na fazenda localizada no sertão baiano. “O meu avô produz a melhor alfafa do Brasil aqui na Fazenda Jatobá, que tem a vitamina A, B e C, isso que é alfafa de verdade”, conta o agricultor mirim.
Do sertão para todo o Brasil
Foto: Canal Rural/reprodução
Os maiores compradores da alfafa produzida na fazenda da família Dourado são os criadores de animais de alto rendimento: cavalos para competição, como o manga-larga marchador e equinos para vaquejadas. As altas taxas de proteína presentes no feno é o diferencial do produto vendido para todo o Brasil.
“A região é um lugar que tem solos muito férteis, que foi pouco lixiviado, devido os anos anteriores ter registrado baixos índices de chuva. Isso forneceu pra gente um solo muito rico e impacta muito na qualidade da alfafa”, diz Miller Dourado.
“O fardo da alfafa de 10 a 12 quilos é comercializado a R$ 25,00” — Miler Dourado
Segundo ele, são atendidos os estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Tocantins e Pará. O foco, porém, tem sido o próprio Nordeste, pois são os estados que mais consomem o produto. “O fardo da alfafa de 10 a 12 quilos é comercializado a R$ 25,00. E a depender da fisiologia do animal, essa alfafa é consumida entre dois e três dias”, explica Miler.
Rogério Viana, proprietário de um criatório para a raça manga-larga marchador em Irecê, aprova a forrageira cultivada pela família Dourado. Além disso, o cliente aponta os benefícios do produto para os animais. “A diferença da Jatobá é que o proprietário está dentro da produção do início até a finalização. Ele mesmo que está no processo, que corta, enfarda e até entrega.”
O treinador de cavalos Jackson Silva, de Feira de Santana (BA), também utiliza o produto cultivado na propriedade. Nesse sentido, afirma que ele garante uma boa alimentação para cerca de 30 manga-largas atletas. “O diferencial é uma alfafa verdinha, uma alfafa bonita e para os animais de competição aqui é o ideal, porque ajuda bastante na resistência, dá energia aos animais, deixa os animais bonitos, com pelos bonitos e brilhantes”, pontua.
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Foto: Canal Rural/reprodução
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