Polícia exuma corpos de supostos assaltantes de gado enterrados vivos
As vítimas foram torturadas pela população e enterradas vivas acusadas de pertencerem a um grupo que rouba gado
A polícia começou o trabalho de exumação dos corpos de supostos assaltantes de gado enterrados vivos na semana passada, no distrito de Muamba, na província de Maputo, em Moçambique.
As vítimas foram acusadas de roubo de gado pela população. Entre os mortos estão três policiais e um militar.
Segundo informações do jornal alemão Deutsche Welle, o chefe do Posto Administrativo de Maluana, Juvenal Sigauque, disse que cinco pessoas já foram exumadas, que ainda há dois corpos desaparecidos.
“As famílias das vítimas juntaram-se à polícia para tentar a identificar o local”, disse o chefe da polícia.
As vítimas foram torturadas pela população e enterradas vivas, acusadas de pertencerem a um grupo que rouba gado.
Roubo de gado
Na semana passada, depois do crime, o comandante-geral da polícia, Bernardino Rafael, disse que as autoridades não tinham envolvimento com o roubo de gado.
“A polícia não tem conexão com o roubo de gado, o que aconteceu foi um crime hediondo”, disse na ocasião.
Segundo Bernardino Rafael, a “Justiça feita com as mãos” ganha contornos alarmantes no país.
“Nós perdemos os nossos colegas e para formar um polícia não é coisa fácil”, lamentou Bernardino Rafael.
Descrédito da população
A organização moçambicana Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD) condenou o caso, mas ressaltou que a atitude da população resulta do “descrédito” nas instituições de Justiça moçambicanas.
“É preciso dizer que a ação dos populares, ainda que condenável a todos os níveis, é consequência do descrédito nas instituições”, disse a ONG.
“O CDD compreende a angústia e o sentimento de revolta e frustração dos criadores de gado que somam prejuízos devido ao roubo e não encontram nas instituições da justiça a solução do problema”, acrescentou.
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