Greve no Canadá amplia crise de fertilizantes e ameaça agricultura
A Fertilizer Canada, entidade que representa o setor, pediu que o governo tome medidas para mitigar os impactos na cadeia de fornecimento
A Fertilizer Canada, entidade que representa fabricantes, distribuidores, atacadistas e varejistas de fertilizantes no país, pediu neste domingo (20), em nota, que governo canadense tome medidas imediatas para mitigar os impactos na cadeia de fornecimento de fertilizantes, depois que funcionários da Canadian Pacific Railway Ltd (CP Rail) entraram de greve, também neste domingo.
A paralisação da sexta maior empresa ferroviária do Hemisfério Norte foi anunciada por líderes sindicais.
De acordo os trabalhadores da Canadian Pacific Railway Ltd., as negociações por melhores condições de trabalho e aumento salarial não avançaram. Segundo o sindicato, que representa aproximadamente 3 mil funcionários, as negociações começaram em setembro do ano passado. Os trabalhadores pedem aumento de salários, de benefícios previdenciários e mais folgas.
Em 2019, uma greve de uma semana da Canadian Pacific Railway Ltd. gerou aproximadamente US$ 238 milhões em prejuízos, segundo estimativas da indústria.
Reação
A Fertilizer Canada escreveu que a “interrupção no serviço ferroviário essencial durante a época de semeadura da primavera (no Hemisfério Norte) terá efeitos devastadores sobre os agricultores, a economia e a segurança alimentar doméstica e internacional”.
“Embora a Fertilizer Canada respeite o processo de negociação coletiva, chegamos a um ponto em que o governo deve agir com urgência. Todos os dias importam quando se trata de intervenção governamental para acabar com a greve. O fertilizante é o insumo mais importante para as lavouras e é responsável por metade da produção atual de alimentos do mundo”, complementou.
“O Canadá não pode permitir uma interrupção na cadeia de suprimentos”, diz Karen Proud, presidente e CEO da Fertilizer Canada.
Segundo a entidade, atualmente, 75% de todos os fertilizantes no Canadá são transportados por ferrovia.
O Canadá é um dos maiores produtores de fertilizantes do mundo. No caso do potássio, é o maior produtor, com cerca de 18 milhões de toneladas por ano.
De acordo com a Fertilizer Canada, em todo o mundo, o setor agrícola já está enfrentando desafios de abastecimento agravados pela guerra na Ucrânia e não pode suportar mais problemas.
“A segurança alimentar no Canadá e de outros países depende da maximização das colheitas nesta temporada para compensar o ano passado. E o fertilizante é fundamental para isso”, complementa a entidade.
No Twitter, o ministro canadense do Trabalho, Seamus O’Reagan, disse que está acompanhando as negociações. Ele pediu as operações não sejam paralisadas e que a situação “não poderia acontecer em um momento pior”.
Impactos no Brasil
O Brasil é o maior importador de fertilizantes no mundo. Cerca de 85% dos fertilizantes usados na agricultura brasileira vêm do exterior, de acordo com balanço da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
Com o conflito no Leste Europeu e a das exportações dos insumos da Rússia e Bielorrussia, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, viajou na semana passada ao Canadá para buscar alternativas para os produtores brasileiros.
Na reunião, que aconteceu na segunda-feira (14), a Canpotex (abreviação de Canadian Potash Exporters), empresa canadense de exportação e comercialização de potássio, em operação desde 1972, informou à ministra que pretende aumentar o volume de vendas ao Brasil para além dos atuais 4 milhões de toneladas por ano. ]
“Seguimos conversando com diversos fornecedores para que o nosso agro continue garantindo a segurança alimentar para o Brasil e o mundo”, ressaltou a ministra na oportunidade.
O governo brasileiro ainda não se manifestou sobre a situação no Canadá e nem como a greve pode impactar o mercado de fertilizantes no país.