Tensão entre Rússia e Ucrânia pode impactar câmbio e oferta de trigo
Analistas do HedgePoint Global Markets e do Itaú BBA falam sobre os possíveis impactos da tensão no Leste europeu
O dólar atingiu o maior valor em 18 meses na última semana e as tensões entre Rússia e Ucrânia continuam no radar do mercado.
Segundo o analista da HedgePoint Global Markets, Heitor Paiva, o conflito mexe nos rumos do mercado. Ele também ressaltou fatores internos que impactam na direção da moeda. “Existe um sentido econômico para que esse conflito não ocorra e por isso vemos o dólar não tendo altas repentinas que ele tinha”, diz.
Segundo Paiva, as eleições vão ter prêmio de risco sendo colocado na moeda. “Mas olhando para o exterior, existem fatores que auxiliam na valorização de moedas emergentes no geral: China atuando com políticas para reconquistar o crescimento econômico e isso faz crer que a demanda por commodities da China pode aumentar neste ano. O Real seria beneficiado. E também tem uma conjuntura de juros melhor. Em 2021 tinha aperto dos juros que aparentemente deve acabar em 2022 de acordo com o próprio Banco Central”, explica.
Além do impacto no dólar, a tensão entre os países traz riscos para a cadeia de suprimentos globais, com destaque para grãos e fertilizantes.
Segundo o analista de commodities do Itaú BBA, Fernando Alves Gomes, caso a situação se agrave, há risco de redução da oferta global de trigo e atraso nas compras e embarques da commodity.
“A Rússia é o maior exportador de trigo do mundo, a Ucrânia é o quarto maior. Se houver problemas nesta região, poderemos ter problema na oferta do cereal”, diz.
