Cotações do milho voltaram a apresentar fortes valorizações
Há fatores que poderão influenciar negativamente o valor da commodity, tais como a possível valorização do dólar diante das altas de juros locais
As cotações do milho em Chicago voltaram a apresentar fortes valorizações com o contrato de vencimento em março/22 cotado a USD 6,3/bu na 2ª feira
(7/fev), aumento de 7% desde o início de janeiro. Para setembro/22, contrato que ajuda a referenciar a 2ª safra brasileira, a alta foi de 5,5%para USD 5,93/bu. • No Brasil, as elevações foram ainda mais expressivas mesmo diante da valorização do Real no período. No mercado spot, o indicador Esalq/BM&Fbovespa subiu 8% e foi negociado na 2ª feira, 7/fev, a R$ 97,13/sc. Na B3, o contrato com vencimento em Maio/22 subiu 8,5% no período e fechou essa 2ª feira cotado a R$ 96,9/sc.
Assim como no último Agro Mensal, esses aumentos ocorreram ainda ancorados na piora da situação da lavoura na Região Sul do Brasil e também da deterioração das lavouras na Argentina na esteira das baixas precipitações e temperaturas elevadas. No Brasil, por exemplo, a Stonex reduziu a estimativa da safra de milho verão no Brasil para 25,3 milhões de toneladas, 5,5%inferior à previsão de janeiro e 17% menor que o estimado antes dos problemas com a estiagem.
Na Argentina, o 2º maior exportador global do cereal, de acordo com a Bolsa de Cereales, o percentual da área em condições ruins subiu para 28% no dia 3/fev frente à 9% no mesmo período do ano anterior. Nesse cenário, o mercado também passou a se questionar sobre o tamanho final da safra no país. Não se pode deixar de mencionar também que o bom ritmo de produção de etanol nos Estados Unidos diante do aumento da competividade do produto contribuiu para animar os mercados internacionais.
Ainda seguimos com o cenário de preços firmes em Chicago diante dos desafios climáticos observados na safra da América do Sul, o que deverá levar o balanço global para mais um ano de aperto, com a relação estoque/uso, por exemplo, sendo a menor dos últimos 5 anos e com possibilidade de piora. • Nos Estados Unidos, embora o balanço local deva apresentar uma leve folga em relação ao observado na safra 2020/21, a situação ainda está longe de ser cômoda.
O bom ritmo de produção de etanol e de rações atrelado à qualquer sinal de aceleração das exportações locais poderá voltar a pressionar novamente os estoques de passagem no país. Apesar dos recentes cancelamentos de pedidos de milho por parte da China e da melhora da produção local, não se pode perder do radar que ainda há um compromisso expresso do governo chinês de aumento de importações de produtos norte-americanos.
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Uma boa perspectiva para os preços também poderá vir de uma possível redução de área semeada com o milho nos Estados Unidos como resultado dos altos preços dos fertilizantes e da razão entre os preços de soja/milho mais atrativos à oleaginosa. Além disso, não se pode perder de vista que, caso observemos um aumento da tensão entre Rússia e Ucrânia, as cotações do trigo tendem a subir e puxar a do milho.
Todavia, há fatores que poderão influenciar negativamente o valor da commodity, tais como a possível valorização do dólar diante das altas de juros locais e as incertezas quanto ao tamanho das compras chinesas ao longo do ano face ao aumento da produção local e às preocupações com a rentabilidade da
suinocultura no país.
Os dados são da análise da Consultoria Agro itaú.