"RS está se encaminhando para a maior perda de safra de verão de sua história"
Presidente da Fecoagro-RS aponta redução de quase 50% na produção de soja no estado
O plantio de soja na maioria das regiões produtoras do país teve um início com bastante umidade e dentro da janela ideal. Porém, durante o desenvolvimento da planta, muitas lavouras foram castigadas pela estiagem. O reflexo do estresse hídrico já é contabilizado pelos produtores. O Rio Grande do Sul, por exemplo, foi um dos estados mais afetados.
A Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro) estima perdas de quase 50% diante do inicialmente previsto para a colheita 21/22 do grão. Segundo o presidente da entidade, Paulo Pires, o estado pode estar se encaminhando para a maior perda de safra de verão de sua história. “Nós temos 23 pontos, 23 cooperativas que tem unidade em todo o estado e a nossa área técnica fez ontem [27 de janeiro] esse levantamento e nós estamos com 48,7% de perda de uma safra de soja de 22,5 milhões de toneladas”, conta.
Já em estados como Mato Grosso, a projeção de colheita de soja é otimista. Mesmo assim, em relação à produção nacional, o consultor da Terra Agronegócio, Ênio Fernandes Júnior, acredita em quase 10% de quebra ao inicialmente projetado para a temporada.
“Acabamos de fazer um levantamento e nosso número para a safra [de soja] no Brasil é de 131,37 milhões de toneladas, muito abaixo dos 143 milhões que tínhamos projetado em outubro [de 2021]. Outras consultorias do exterior têm esse entendimento também e estão orbitando entre 131, 132. As mais otimistas estão falando em 135, mas é realmente uma quebra de safra, colhendo menos do que no ano passado e muito menos do que estava projetado”, afirma.
Soja nos Estados Unidos
Com esse cenário, o mercado volta-se para a safra norte-americana, que deve começar o plantio em abril. “Caso tenhamos qualquer problema nos Estados Unidos o mercado vai ficar extremamente nervoso porque ele não tem de onde tirar o produto. Precisa-se de soja para produzir farelo, óleo, para produzir proteína animal. Nós vamos iniciar uma safra nos Estados Unidos extremamente delicada e temos que estar atento ao mercado e clima norte-americano e, principalmente, às movimentações do Banco Central Americano”, constata Fernandes Júnior.