Consórcio de arroz irrigado com soja cresceu 205% em dez anos no RS

Publicado no dia 07/01/2022 às 16h27min
Produtividade com adoção das duas commodities aumentou 64,4% entre a safra 2020/21 e a 2021/22, de acordo com levantamento do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga)

A rotação de culturas é uma das técnicas de manejo mais indicadas por especialistas. Os produtores do Rio Grande do Sul têm levado a sério esse conselho. Prova disso é que na safra 2011/12, a área plantada de arroz em consórcio com a soja ocupava 121,166 mil hectares no estado, enquanto que no ciclo 2021/22 esse número saltou para 370,594 mil hectares, ou seja, um crescimento de 205% em dez anos, de acordo com levantamento do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

A produtividade obtida pelos agricultores que fazem uso desse regime de plantio vem se mostrando ainda mais elevada: de 31,8 sacas por hectare em 2019/20 para 52,3 em 2020/21, incremento de 64,4% com aumento de área de apenas 8,6% (de 341,188 hectares para 370,594).

Segundo o coordenador da regional Zona Sul do Irga, André Matos, esse crescimento se deu em função da evolução da macro e micro drenagem das propriedades com mais investimentos, bem como o surgimento de novas tecnologias, como o posicionamento cinemático em tempo real (RTK, na sigla em inglês), minimizando as perdas por excesso hídrico que ainda ocorrem, porém com menor frequência. “A soja é a principal alternativa utilizada pelos produtores gaúchos que procuram rotacionar modos de ação de herbicidas e assim, consequentemente, manejar a resistência de plantas daninhas”, afirma.

De acordo com ele, além de outros ganhos importantes para o sistema de produção de arroz, a soja vem se destacando pela sua contribuição na expansão da Integração lavoura-pecuária, oportunizando a implantação de pastagens no inverno, utilizadas com gado entre a colheita da oleaginosa e a semeadura do arroz, intensificando cada vez mais os processos produtivos nas propriedades das seis regiões arrozeiras gaúchas.

 

Manejo adequado

O professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Alencar Zanon, enfatiza que o manejo adequado do sistema de rotação entre arroz e soja, com especial atenção à drenagem, é o principal aspecto que permite o consórcio bem sucedido de commodities tão distintas.

“Diferentemente da cultura do arroz, que fica 90% de seu ciclo com uma lâmina de água de 5 cm de altura, a cultura da soja não pode ter água por mais de 24 horas, caso contrário vai ocorrer a morte de plantas e, consequentemente, a perda de produtividade”, explica.

De acordo com Zanon, há um benefício muito claro aos agricultores gaúchos que, antigamente, semeavam apenas arroz e, agora, resolveram intercalar com a oleaginosa. “Os produtores que resolvem adotar a soja produzem 20% mais arroz se comparado com aqueles que plantam apenas arroz sobre arroz”, esclarece.

Fonte: Canal Rural