Leite de vaca auxilia na produção de medicamentos

Publicado no dia 08/09/2021 às 11h03min
Para proteger e transportar moléculas delicadas por todo o corpo

Nossas células usam minúsculas "sacolas" chamadas exossomos, cápsulas biológicas nanoscópicas (um nanômetro é mil vezes menor do que um micrômetro, que descreve objetos microscópicos).

Essas cápsulas, que são abundantes também no leite de vaca, são fortes o suficiente para resistir à degradação enzimática, bem como às flutuações ácidas e de temperatura no intestino e na corrente sanguínea.

Devido ao seu papel natural, os exossomos têm se tornado os principais candidatos para uma nova geração de administração de medicamentos direcionada no corpo, além de serem a base de um novo campo de pesquisas, chamado teranóstica, que junta terapia com diagnóstico.

Esse papel de transportar medicamentos é conhecido como nanocarreador.

Capturar essas nanocápsulas do leite, porém, garantindo níveis de pureza de grau clínico, é um processo complexo porque é difícil isolar os exossomos de outras proteínas e lipídios do leite.
 

Milkshake em vez de injeção

Spencer Marsh e seus colegas da Universidade Técnica da Virgínia (EUA) desenvolveram agora um método escalonável - que pode ir do laboratório para a indústria - para colher exossomos do leite de vaca não pasteurizado. Usando este método de purificação, a equipe consegue extrair aproximadamente uma xícara de exossomos purificados para cada galão de leite (3,78 litros) não pasteurizado.

"Pela primeira vez, traçamos um caminho em direção à escalabilidade industrial da purificação de exossomos para administração oral de drogas," comemorou o professor Rob Gourdie, coordenador da pesquisa.

Este é o coroamento de uma década de pesquisas para a aplicação farmacêutica dos exossomos, particularmente para a entrega de medicamentos frágeis, como peptídeos e microRNAs.

"Imagine que, em vez de tomar uma vacina, sua enfermeira lhe dê um milkshake. Outro milkshake pode conter exossomos carregados com um peptídeo terapêutico projetado para proteger órgãos internos, como o coração, do infarto do miocárdio," exemplificou Gourdie.

Os exossomos também podem penetrar na barreira hematoencefálica, uma membrana que protege o cérebro de patógenos indesejáveis e compostos químicos perigosos, representando uma nova maneira de administrar terapias para tratar doenças neurológicas e câncer no cérebro.

As informações são do Diário da Saúde, adaptadas pela equipe MilkPoint.

Fonte: MilkPoint