Peste suína africana: Governo reforça ações de prevenção em aeroporto
Fiscalização foi ampliada após a confirmação de casos da doença na República Dominicana
Mapa reforça ações de prevenção no Aeroporto de Guarulhos (SP)
Foto: Ana Maio / SFA-SP
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) reforçou ontem (24), ações de prevenção no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). O objetivo da ação é evitar a entrada da peste suína africana no Brasil. O aeroporto de Cumbica, como é conhecido, concentra 76% do movimento de passageiros internacionais no país.
A peste suína africana (PSA) é uma doença viral fatal para os suínos, que atinge tanto suínos domésticos como os que vivem soltos na natureza. Apesar de não afetar humanos, a PSA pode causar sérios prejuízos em função da mortalidade e dos custos do contingenciamento em casos de surtos e bloqueio nas exportações de produtos de origem suína.
As autoridades sanitárias brasileiras estão em estado de alerta depois que casos da doença foram confirmados na República Dominicana em julho, instaurando a chegada da PSA ao continente americano. Trata-se do primeiro registro da doença no continente desde a década de 80, quando foi considerada erradicada.
O secretário executivo do Mapa, Marcos Montes, e o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, José Guilherme Tollstadius Leal, receberam o apoio da administração do aeroporto, da Receita Federal, da Polícia Federal e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no sentido de facilitarem a fiscalização de produtos orgânicos, com o menor transtorno possível aos passageiros.
Uma força-tarefa do Mapa já está atuando no aeroporto, fiscalizando 100% dos passageiros brasileiros provenientes da República Dominicana e do Haiti.
“A peste suína africana já ocorreu anteriormente no Brasil e a chegada foi justamente por resíduos de bordo, que foram destinados à alimentação animal”, explicou o diretor do Departamento de Serviços Técnicos da Secretaria de Defesa Agropecuária, José Luiz Ravagnani Vargas.
Também foi solicitado o apoio de cães farejadores para a localização de produtos orgânicos nas bagagens de forma rápida. O diretor de Operações da GRU Airport, Admilson Reis, se colocou à disposição do Mapa.
No período da noite, os secretários do ministério e a superintendente Federal de Agricultura de São Paulo (SFA-SP), Andréa Figueiredo Procópio de Moura acompanharam a fiscalização da Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) em voos com passageiros provenientes de área de risco.
Nenhum produto suspeito foi localizado na fiscalização, mas em ações anteriores, salames vindos da República Dominicana foram apreendidos.
Também participaram da reunião Celso Gabriel Herrera Nascimento, chefe da 5ª Região do Vigiagro; Danilo Tadashi Kamimura, chefe da Divisão de Defesa Agropecuária da SFA-SP; entre outras autoridades.
Ações
O Mapa está providenciando a instalação de pontos de descarte voluntários no desembarque, para que os passageiros que portam produtos orgânicos proibidos possam dispensá-los antes da ação de fiscalização. Outra medida em estudo é o apoio das companhias aéreas na campanha de orientação aos viajantes, a ser lançada, sobre como evitar a entrada da PSA no país por meio de alimentos trazidos nas bagagens.
Desde 2018, quando a PSA se disseminou na China e outros países da Ásia e Europa, o Mapa vem desenvolvendo ações para fortalecer as capacidades de prevenção do ingresso do vírus da PSA no país, visando a detecção e diagnóstico precoces e resposta rápida a eventuais incursões da doença no Brasil.
Um dos anúncios recentes é que a Rede de Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (Rede LFDA) está apta para atuar na hipótese de uma possível introdução do vírus da doença no território nacional. No caso de suspeita de PSA, o LFDA-MG é o laboratório oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que realiza o diagnóstico.
A padronização e verificações dos métodos vêm sendo trabalhadas pelo laboratório em Minas Gerais desde 2015, tendo sido concluída a validação completa de suas técnicas moleculares para o diagnóstico da doença em outubro de 2020. A ampliação para realização do diagnóstico em outros laboratórios da Rede LFDA já está sendo discutida no Ministério.
Mercado brasileiro
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Brasil é o quarto maior produtor e exportador mundial de carne suína no mundo. Em 2020, foram 4,43 milhões de toneladas, cerca de 4,54% da produção mundial, e exportou 1.024 mil toneladas, 23% da produção nacional, para 97 países.
Em Mato Grosso do Sul (MS) a ameaça de contaminação da doença coloca os produtores em estado de alerta.
"Hoje há uma grande preocupação com a Peste Suína Africana, após a chegada dela na República Dominicana no final de julho. Nós sunicultores estamos redobrando a nossa biosseguridade, controlando a limpeza dos caminhões e a entrada de pessoas, de animais, e de alimentos na granja", enfatizou a produtora de suínos, Eleiza Arão.
Ela reitera a importância dos auditores nas barreiras sanitárias.
"A recomendação é fechar mais ainda as granjas. O serviço de inspeção do Brasil faz um excelente trabalho, estão de antenas ligadas redobrando os cuidados com os animais recebidos no país e se Deus quiser, essa doença não virá pra cá", finaliza Eleiza.
Com informações do Mapa / Foto de Capa: Ana Maio / SFA-SP