Ministra rebate narrativa de aquecimento global contra a agricultura, em Roma
Encontro de autoridades de 33 países define pautas para cúpula da ONU; tema é contaminado por críticas ao Brasil
A queima de combustíveis fósseis continua sendo a principal fonte de emissão de gases de efeito estufa. A declaração da ministra da Agricultura, Tereza Cristina Corrêa Dias, nesta terça-feira (27), em Roma, resume a posição do Brasil no debate sobre a relação entre as causas do aquecimento global e a produção de alimentos – tema incorporado a narrativas produzidas durante a Pré-Cúpula de Sistemas Alimentares, na capital italiana.
Segundo a ministra, é necessário reconhecer a diversidade de sistemas produtivos e encontrar caminhos para torná-los mais sustentáveis.
“É fundamental que sejam considerados as circunstâncias locais e realidades culturais para as diretrizes da Cúpula dos Sistemas Alimentares. Não há como falar em pecuária sem levar em conta as visões dos maiores produtores desse alimento essencial para a segurança alimentar e nutricional de milhões de consumidores em todo o mundo? Como falar em proteger a natureza ignorando os maiores detentores de biodiversidade? Não existe um único caminho a ser trilhado, indistintamente”, disse Tereza Cristina, durante evento promovido pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), na Embaixada do Brasil em Roma.
O evento teve como objetivo apresentar o documento “Principais mensagens no caminho para a Cúpula das Nações Unidas sobre os Sistemas Alimentares na perspectiva da agricultura das Américas”, elaborado pelos países da região. O relatório contém 16 mensagens-chave sobre o papel insubstituível da agricultura, que destacam a atividade como fundamental para erradicar a pobreza, promover o desenvolvimento rural e proteger o meio ambiente.
A ministra também falou sobre os princípios estruturantes do debate sobre sistemas alimentares, como o papel fundamental do comércio internacional e a ciência e inovação como ferramentas para avançar no desenvolvimento de boas práticas sustentáveis. Segundo ela, a agricultura não pode ser colocada como a única responsável pelo aquecimento global.
“A agricultura deve ser considerada no contexto de sua vulnerabilidade frente à mudança do clima, bem como enquanto parte da solução para a conservação de ecossistemas e da biodiversidade. Não podemos singularizar a agricultura como responsável pelo aquecimento global. A queima de combustíveis fósseis continua sendo a principal fonte de emissão de gases de efeito estufa e alternativas renováveis para sua substituição encontram na agricultura, parte da solução”, ponderou Tereza Cristina.
O diretor-geral do IICA, Manoel Otero, agradeceu pelo consenso entre os países e lembrou os três princípios gerais do documento aprovado: que os produtores agropecuários devem estar no cerne das decisões; que a ciência deve ser a base para as decisões e as políticas a serem adotadas e que a agricultura é parte da solução dos principais desafios.
“O que a nossa região está mostrando é que ela quer ser protagonista e não apenas testemunhar o que vai acontecer. A voz das Américas deve não ser apenas ser ouvida, mas deve ser incorporada à narrativa da Cúpula”, disse Otero.
Também participara do evento ministros e secretários de 33 países das Américas, como Argentina, Uruguai, Paraguai, Equador, Chile Peru, do México, Estados Unidos, entre outros.
Tereza Cristina e o comissário Janusz Wojciechowski, do DG-AGRI da Comissão Europeia. Foto: Divulgação/Mapa
Reuniões Bilaterais
Tereza Cristina também se reuniu com a secretária-geral adjunta das Nações Unidas, Amina Mohammed e apresentou o documento aprovado pelos países das Américas spbre a importância de considerar a diversidade de modelos e sistemas produtivos, desde que sejam sustentáveis e apoiados em princípios e critérios científicos.
A ministra também esteve com o Comissário Janusz Wojciechowski do DG-AGRI da Comissão Europeia, com o ministro de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha, Gerd Müller, e com o ministro das Políticas Agrícolas, Alimentares e Florestais da Itália, Stefano Patuanelli.
*Com informações da Agência Brasil e do Mapa
Foto de capa: Divulgação/Mapa