Lagarta-do-cartucho: biodefensivo desenvolvido em parceria com Embrapa promete 100% de controle

Publicado no dia 22/06/2021 às 11h51min
Produto pode ser aplicado em lavouras de milho, soja, sorgo e algodão, além de pastagens e hortaliças; de acordo com o órgão, o biológico é inofensivo a outros insetos (inimigos naturais), plantas e seres humanos

Biodefensivo tem na composição vírus que infecta a lagarta, sem trazer riscos à saúde humana ou ao meio-ambiente, informa a Embrapa. Foto: Ivan Cruz/Embrapa

A Embrapa e a empresa suíça Andermatt Biocontrol desenvolveram um produto biológico que seria capaz de provocar a morte de 100% da população da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda). Batizado com o nome comercial de Spodovir, o biodefensivo tem em sua composição um vírus que infecta a praga sem trazer riscos à saúde humana ou ao meio-ambiente. De acordo com a Embrapa, isso é possível porque a base do produto é um baculovírus, tipo de vírus específico que causa a morte somente de insetos e não causa danos em microrganismos, plantas, mamíferos e vertebrados.

O Spodovir será o primeiro lançamento global de um produto biológico com tecnologia Embrapa, pois foi desenvolvido em parceria com uma empresa privada com rede de atuação em diversos países. O produto foi registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o controle da lagarta-do-cartucho, principal praga do milho, capaz de reduzir a produção da cultura em mais de 50%. Além disso, pode ser usado em outros cultivos, como soja, sorgo, algodão, arroz, pastagens e hortaliças.

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“A grande vantagem desse produto biológico, também chamado de biodefensivo, é que ele não afeta o meio ambiente, não intoxica aplicadores, não mata os inimigos naturais das pragas (insetos benéficos), não polui rios e nascentes e não deixa resíduos nos alimentos a serem vendidos nos supermercados, contribuindo para uma melhor sustentabilidade e melhor qualidade do produto disponibilizado para os consumidores”, afirma o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Fernando Hercos Valicente, desenvolvedor e responsável pela tecnologia na Empresa.


Segundo a Embrapa, os biodefensivos à base de baculovírus têm melhor ação quando as lagartas são pequenas, desde recém-nascidas até, no máximo, o tamanho de um centímetro de comprimento, no caso da lagarta-do-cartucho. “O posicionamento do Spodovir no campo é essencial para causar a mortalidade desejada e é dependente da região e do início de ataque da praga”, pondera o cientista, frisando que a eficácia de 100% do produto, obtida em experimentos, foi também resultado da aplicação correta dele.

Valicente afirma que o Spodovir deve ser ingerido pelos insetos para fazer efeito. “Dessa forma, a pulverização deve respeitar esse fator (ingestão por parte do inseto) e a operação precisa ser bem-feita. Os baculovírus não possuem ação de contato. Podem ser feitas aplicações a UBV (ultrabaixo volume) desde que com os equipamentos adequados. Serão iniciados testes para a pulverização com drones em soja e algodão”, anuncia o pesquisador.

A recomendação é que o produto seja aplicado, quando possível, após as 16h, período com menor incidência de raios ultravioletas (UV), que desativam as partículas virais no campo. Outro motivo é que a lagarta-do-cartucho possui hábito noturno, iniciando sua alimentação no início da noite.

“Se a pulverização for feita no fim da tarde, não haverá desativação das partículas virais (não há radiação UV) e haverá o consumo do baculovírus que foi pulverizado sobre a plantação, por meio da raspagem das folhas pelas lagartas, causando a morte desses insetos”, conta o pesquisador, ressaltando que a aplicação deve ser ajustada com a necessidade e o tamanho da cultura e de acordo com a logística da propriedade.

Custo por hectare: menos 50% do valor da saca de soja
O Spodovir é resultado de uma parceria firmada em 2015 entre a Embrapa e o Grupo Andermatt. “Após diversos testes realizados nos nossos laboratórios, verificamos que o produto apresentava uma eficácia excelente, o que impulsionou a empresa a fechar a parceria com a Embrapa”, afirma o CEO da Andermatt Biocontrol Brasil, Markus Ritter.

A engenheira-agrônoma Viviane Dutra, responsável pela gerência da Andermatt Brasil, afirma que o custo de uma aplicação do produto por hectare seria de aproximadamente 0,75 saca de milho (considerando, por exemplo, o preço da saca do cereal no último dia 10 de junho a R$ 96,57, o produtor de milho gastaria R$ 72,42 por hectare) e de 0,45 saca de soja (com preço de R$ 167,62; dados do mesmo dia. Dessa forma, o sojicultor gastaria R$ 75,42 por hectare para aplicar o Spodovir).

Fonte: Canal Rural

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