Leite: preço ao produtor sobe novamente e fecha acima de R$2,00

Publicado no dia 27/05/2021 às 16h22min
Os preços do leite no campo registraram alta pelo segundo mês consecutivo.

Segundo a pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, a “Média Brasil” líquida do leite captado em abril e pago em maio subiu 2,7% em relação ao mês anterior, indo para R$ 2,0364/litro. Este valor é recorde para um mês de maio e supera em 37,9% o registrado no mesmo período de 2020, em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA de abril/21).

A valorização do leite no campo está atrelada ao contexto de diminuição da oferta, devido ao clima seco e o aumento dos custos de produção. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) caiu 1,1% de março para abril, puxado por uma queda média de 2,7% no Sudeste. Desde o início deste ano, o ICAP-L já acumula recuo de 13,2%.

A redução da produção de leite acontece tipicamente entre o outono e o inverno. O menor volume de chuvas nesta época do ano limita a disponibilidade e a qualidade das pastagens, afetando negativamente a alimentação volumosa do rebanho e, consequentemente, a produção leiteira.

Com a oferta reduzida, observa-se a elevação sazonal dos preços no campo entre março e agosto. No entanto, neste ano, a seca tem sido mais intensa, atingindo com gravidade importantes bacias leiteiras do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do País.

Além das pastagens, a falta de chuvas tem diminuído a produtividade das lavouras de milho e a qualidade da silagem, agravando a situação de pecuaristas, que se deparam com preços recordes da alimentação. Adubos e fertilizantes, insumos importantes para a produção de volumoso e que são importados, também se valorizam, diante do dólar em alto patamar.

Mesmo com a valorização do leite no campo, as pesquisas do Cepea mostram perda substancial na margem do produtor nos últimos meses. De janeiro para abril, a quantidade de leite necessária para adquirir uma saca de 60 kg de milho saltou de 42 litros para 47 litros, aumento de 13,4%. Comparando abril deste ano com o do ano passado, a perda no poder de compra chega a 31%.

Essa situação tem freado investimentos na atividade, prejudicado o manejo alimentar dos animais e estimulado o abate de vacas, visto que as cotações no mercado de corte estão atrativas. E o descarte de vacas, por sua vez, é um indicador de que a produção leiteira deve demorar a se elevar, mesmo diante do estímulo dos preços, o que deve reforçar o cenário de baixa da oferta nos próximos meses.

 

Leite Spot

Com a oferta de leite limitada, a competição entre indústrias pela compra de matéria-prima se acirrou em abril. Como resultado, o preço do leite no mercado spot de Minas Gerais subiu 1,7% entre a primeira e a segunda quinzenas de abril, com a média mensal chegando a R$ 2,04/litro. Esse movimento de avanço seguiu em maio, com elevação de 16,7%, e a média a R$ 2,39/litro (o que, por conseguinte, deve impactar sobre o preço do leite captado neste mesmo mês).

Os estoques de derivados lácteos nos laticínios e atacados em abril também estão reduzidos. A pesquisa do Cepea realizada com apoio financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) mostrou que as indústrias têm conseguido repassar a alta da matéria-prima aos derivados. Contudo, o menor poder de compra do consumidor e a pressão dos canais de distribuição limitaram maiores valorizações.

É importante salientar que o aumento do desemprego, a elevação da inflação e o avanço da pandemia fragilizam a demanda, o que pode manter controlado o movimento de avanço nos valores do leite no campo, mesmo no contexto de baixa disponibilidade e de custos elevados

Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de abril/2021).


Fonte: Cepea-Esalq/USP.

 

As informações são do Cepea-Esalq/USP, adaptadas pela Equipe MilkPoint.

Fonte: As informaes so do Cepea-Esalq/USP, adaptadas pela Equipe MilkPoint.

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