Soja: nova cultivar une resistência a ferrugem, tolerância a percevejo

Publicado no dia 27/04/2021 às 16h05min
Testes em campo mostraram que a novidade tem alta produtividade e, em alguns casos, dispensou uso de fungicidas e inseticidas, favorecendo a produção orgânica

Nova cultivar de soja desenvolvida em parceria entre a Embrapa e a Fundação Meridional

Em 2021/2022, o Brasil poderá contar com uma nova e inovadora cultivar de soja convencional. Isso porque a novidade une a resistência à ferrugem asiática e a tolerância a percevejos, dois dos mais sérios problemas da sojicultura nacional. Testes em campo já mostraram, inclusive, que a BRS 539 apresenta alta produtividade e, em alguns casos, dispensou uso de fungicidas e inseticidas.

A nova cultivar foi desenvolvida em parceria entre a Embrapa e a Fundação Meridional e agrega a tecnologia Shield, (linha que apresenta genes de resistência à ferrugem-asiática) e a tecnologia Block (com tolerância a percevejos). Além disso, em testes experimentais realizados por três safras, em diferentes ambientes de produção das a BRS 539 mostrou altas produtividades.

“Inclusive apresentou, em alguns desses ambientes, potencial produtivo acima de 90 sacas por ha (ou 5.400 kg/ha), superando as cultivares mais produtivas do mercado com as quais foi comparada”, diz o pesquisador da Embrapa Soja Carlos Lásaro Pereira de Melo.

Mais testes soja
Outros testes realizados por produtores comprovaram a alta performance dessa cultivar. A Sinovatec Produtos Agrícolas, de Medianeira (PR), por exemplo, avaliou 11 cultivares e a BRS 539 foi a campeã desse ensaio.

Além de apresentar o rendimento mais elevado, não houve necessidade de aplicação de fungicida e nem de inseticida, o que mostra o elevado potencial de sanidade da nova cultivar. Além de produzir mais, também impacta no custo de produção, porque reduz os gastos com produtos químicos.

Mesmo assim, a Embrapa destaca que a nova tecnologia não dispensa o uso de fungicidas e inseticidas, mas proporciona maior segurança no manejo da ferrugem da soja.

“A cultivar Shield é uma ferramenta genética importante no contexto do manejo integrado. Essa tecnologia proporciona maior eficiência e segurança ao manejo químico da doença. Apesar de não dispensarem o uso de inseticidas, as cultivares Block permitem melhor convivência com os insetos no campo”, afirma Melo.

Convencional e cheia de vantagens
O pesquisador Rafael Petek reforça ainda que essa cultivar é convencional (não transgênica) e pertence ao grupo de maturidade 6.1.

“É uma cultivar precoce, que permite semeadura antecipada, viabilizando plantio do milho safrinha na melhor época, nas regiões de indicação da cultivar na macrorregião sojícola 2 (Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul) e viabiliza a sucessão/rotação com culturas de inverno na macrorregião 1 (Paraná, Santa Catarina e São Paulo)”, afirma Petek.

Além da ferrugem, também é resistente a outras doenças da soja como o cancro da haste, mancha “olho-de-rã”, podridão parda da haste, podridão radicular de Phytophthora e moderadamente resistente ao oídio e ao nematoide-das-galhas (meloidogyne javanica).

Interessante para produção orgânica
A BRS 539 pode atrair o interesse dos produtores de soja em sistema orgânico, porque além de ser não ser transgênica, as características desse lançamento facilitam o manejo fitossanitário de pragas e doenças, portanto, podem reduzir o uso de químicos.

“Dessa forma, entendemos que a BRS 539 pode viabilizar o cultivo do grão orgânico e ainda agregar mais rentabilidade ao produtor de soja orgânica”, destaca Melo.

Por ser uma cultivar convencional, a BRS 539 pode ser comercializada por trades brasileiras e internacionais para diferentes nichos de mercado que demandam soja não transgênica, afirma a Embrapa.

A Integrada Cooperativa Agroindustrial, presente há 25 anos em 50 municípios do Paraná e de São Paulo, conta com cerca de 11 mil cooperados e é um dos exemplos que mantém um programa de bonificação para a soja convencional.

Em 2020, a Cooperativa gerou 1,3 milhão de sacas de soja convencional, o que representa 5% e 6% do total de recebimento e pagou R$ 6 a mais por saca.

“Esse é um programa que existe há mais de 20 anos na cooperativa, de extrema importância para a Integrada porque cria fidelização e gera valor ao cooperado”, explica o gerente comercial, Alcir Antônio Chiari.

Fonte: Canal Rural

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