Miguel Daoud: Ajudar o produtor de leite é ajudar o Brasil

Comentarista afirma que o governo deveria criar um programa que compre o produto in natura, transforme em leite em pó e distribua a pessoas de baixa renda

O preço recebido pelo litro do leite é um desafio para os produtores de todo o Brasil. Em Rondônia, maior estado produtor do Nordeste, a situação não é diferente. Há pelo menos duas semanas, 40% dos pecuaristas paralisaram a entrega do produto aos laticínios. Em protesto, alguns produtores até jogaram fora o leite captado na fazenda.

A reivindicação do setor é pela criação de uma base de preço de comercialização Ao canal rural, a presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais (Fetagro) do estado, Alessandra Lunas, disse que o preço do litro pago aos produtores foi reduzido em 60 centavos neste mês. Ela destacou que atualmente os produtores recebem R$ 1,20 pelo litro, enquanto o ideal para cobrir os gastos seria R$ 1,60.

Segundo o comentarista Miguel Daoud, a tentativa de estabelecer preços de referência é antiga e nunca deu certo. “O preço é um desaforo para o produtor de leite”, afirma.

Daoud lembra que o setor leiteiro vive uma crise causada pela queda brusca no valor pago somada ao aumento nos custos de produção. “A alta do preço do milho, que é um exagero, afeta principalmente o setor de leite. Os insumos subiram 30%, e a renda não subiu. Então tivemos a compressão dos preços para baixo e dos custos para cima, causando a ruptura”.

Mudança na forma de ver o produtor de leite
Para o comentarista, a produção de leite não pode ser vista apenas como uma atividade de mercado, pois quase 5 milhões de pessoas têm renda nela. Logo, é também uma questão social. “O número de pessoas que saem é enorme, e elas acabam na rede de proteção social. Quando o governo ajuda essa categoria está ajudando o Brasil, a inflação, e o retorno é econômico e social”, pontua.

De acordo com Daoud, o produtor de leite está sendo negligenciado e isso representa um risco para o país. Ele lembra que países desenvolvidos investem nos pequenos produtores para garantir segurança alimentar.

O conselho do comentarista do governo é simples: unir o útil ao agradável, comprando o leite produzido e transformando-o em leite em pó a ser distribuído para pessoas de baixa renda.