Leite: relação de troca com insumos é a pior desde 2016, diz Embrapa
Em janeiro, o produtor precisou do equivalente a 56 litros de leite para comprar 60 quilos de mistura concentrada, alta de 26% em relação ao mesmo período do ano passado
Em janeiro, o produtor precisou do equivalente a 56 litros de leite para comprar 60 quilos de mistura concentrada, alta de 26% em relação ao mesmo período do ano passadoCOMPARTILHE NO WHATSAPP
17 de fevereiro de 2021 às 14h40
Por Canal Rural
A relação de troca entre leite e insumos é a pior desde 2016, de acordo com a Embrapa Gado de Leite. Para adquirir 60 quilos de mistura concentrada, o produtor precisou de mais de 56 litros, alta de 26% em relação ao mesmo período do ano passado.
“O grupo de insumos que mais subiu foi a alimentação concentrada, principalmente por conta da valorização do milho e da soja. Tivemos alta nos fertilizantes, mas não foi tão acentuada. Por conta da pandemia, os produtos de higiene para limpeza da ordenha também ficaram mais caros. Foram esses grupos que mais puxaram o movimento”, diz o pesquisador e coordenador da área econômica da Embrapa Gado de Leite, Glauco Rodrigues.
Enquanto isso, no varejo os lácteos subiram 0,15% no mês passado. Leite condensado, em pó, queijo, manteiga e iogurte tiveram alta. Somente o leite UHT teve queda de 1,35%.
Segundo o pesquisador, há movimentos distintos na primeira e segunda quinzena do mês, com varejo e indústria disputando para ver quem terá que absorver as altas da matéria-prima. “Vimos a margem da indústria melhorando um pouco e a do varejista piorando. Agora o varejo busca recomposição, por isso os preços dos lácteos subiram para o consumidor”, diz.
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Compra de lácteos de outros países
As importações de lácteos preocupam os produtores. Apesar de caíram 18% quando comparamos janeiro a dezembro de 2020, em relação a janeiro do ano passado, a alta é de 82%.
Rodrigues lembra que as compras no ano passado chegaram a representar quase 10% da produção brasileira. “Produtos como leite em pó e queijos estão conseguindo chegar no mercado brasileiro com preços mais competitivos do que os nossos, vindos principalmente da Argentina e Uruguai”, diz.
Ele afirma que as importações devem cair, mas aos poucos, porque as negociações são feitas com meses de antecedência. “Temos uma oferta um pouco melhor de leite. O preço no atacado e ao produtor recuou um pouco, o que dá competividade”, finaliza.