O QUE VOCÊ PECUARISTA PERDE VACINANDO ERRADO?

Publicado no dia 25/06/2021 às 16h02min
O manejo sanitário do rebanho visa cumprir um calendário de vacinações, controle de parasitas e tratamento de animais com lesões e sintomas de doença. Fatores importantes para obtenção de um rebanho sadio e lucrativo.

O manejo sanitário do rebanho visa cumprir um calendário de vacinações, controle de parasitas e tratamento de animais com lesões e sintomas de doença. Fatores importantes para obtenção de um rebanho sadio e lucrativo. 
Apesar da vacina ser importante para o bem-estar dos animais, uma vez que minimiza os riscos de doenças, o manejo de vacinação pode ser um vilão na sua propriedade já que se não executado corretamente, pode gerar falhas na imunização dos animais, desperdício de produto, reações vacinais e abcessos, perda na qualidade do couro e da carne, como também riscos aos trabalhadores que executam esse manejo.
A falha na imunização pode ocorrer devido a vários fatores relacionados à respostas individuais inadequadas, conservação e/ou aplicação da vacina de forma errada e ainda devido a vacinação ser realizada em animais que estejam com baixa imunidade, por exemplo, naqueles que acabaram de ser transportados. Falhas no armazenamento, sanidade do rebanho, estado fisiológico do animal, interferência de anticorpos maternos nos animais vacinados jovens, e condições impróprias do animal vacinado (estresse, doença, desnutrição ou infestação por parasitas) são fatores que implicam na ação antígeno-anticorpo. Por isso, para garantir a imunização do rebanho é necessário que a vacinação seja feita em animais que estejam com boa imunidade, ao contrário se torna muita das vezes ineficaz.
O desperdício de produto, muita das vezes é ocasionado por erro no manejo,  por não testar e calibrar as seringas, má conservação, ângulo da agulha incorreta conforme a via de administração, o que causa refluxo do produto injetado, ou subdoses. 
As reações vacinais e abcessos são frequentemente encontradas em carcaças bovinas, estas trazem preocupação aos pecuaristas devido às grandes perdas econômicas, mas também causa dor e sofrimento aos animais e ainda pode ser um risco aos consumidores. Para se ter uma ideia do tamanho do problema, estima-se que o produtor perde, em média, 0,5 kg de carne nas carcaças devido às reações vacinais e abcessos. Isso significa que a pecuária brasileira perde cerca de 200 milhões de reais ao ano.
Abcessos são causados devido ao desenvolvimento e acúmulo de bactérias piogênicas (formam pús) no interior de diferentes tecidos do corpo, é envolto por uma cápsula fibrosa e ocorre devido a uma resposta inflamatória do organismo. Causa aumento de volume, aumento de temperatura no local e dor, levando até mesmo a redução do consumo do animal.
Já as reações vacinais, podem ser locais, alérgicas e de hipersensibilidade, e são pertencentes à maioria dos fármacos injetáveis. A intensidade da reação vai variar conforme o tipo de produto, quantidade e dose administrada ao animal. 

   
Figura 1. Abcessos na carcaça e retirado da mesma

As reações vacinais e abcessos, são encontradas mais comumente na região do acém, pescoço e paleta, mas muitas vezes são encontradas em outros locais do corpo do animal. Essas lesões devem ser retiradas após o abate e não impedem o consumo do restante da carne.
A comprovação de elevadas perdas devido à presença de abcessos musculares nas carcaças dos bovinos, tem por causa mais comum, a refrigeração inadequada da vacina e erros na aplicação, como por exemplo: uso de agulhas de calibre não correspondente ao tipo de vacina, reutilização de seringas e agulhas descartáveis, uso de agulhas tortas, sujas, enferrujadas ou com fio gasto e não desinfecção de material não descartável. Fica evidente a necessidade de investimento em treinamento dos funcionários e na utilização do manejo racional para evitar tais perdas. Para auxiliá-lo a reduzir esse problema na sua propriedade, siga o passo a passo da vacinação que está disposto no final do texto.
É preciso ainda destacar o importante papel dos trabalhadores, pois além de depender deles para a vacinação ser feita corretamente, os mesmos devem minimizar os riscos de acidentes durante a execução desse manejo.  Os riscos podem ser reduzidos ao vacinar os animais em tronco de contenção, ao serem treinados para manusear a pistola e as agulhas de vacinação e para conduzir e conter os animais com calma e corretamente. Essas ações reduzem os acidentes de trabalho.
Viu como o manejo de vacinação implica muito mais que injetar a vacina no animal? Os animais também precisam que a vacinação seja feita com higiene, cuidados e calma para que a vacina surta efeito. Para que você execute corretamente esse manejo, siga as instruções abaixo, que foram retiradas do Manual de Boas Práticas de Vacinação do Grupo Etco (disponível em: http://www.grupoetco.org.br/arquivos_br/manuais/manual-boas-praticas-de-manejo_vacinacao.pdf).

PASSO A PASSO DA VACINAÇÃO

1. Antes de começar a vacinação, deixe tudo preparado. Separe duas caixas térmicas com gelo, uma para as vacinas lacradas e uma para as abertas e seringas/pistolas. Essa segunda caixa deve ter furos na tampa para encaixar as pistolas (assim a agulha não fica em contato com o gelo ou água suja). As caixas devem ser capazes de manter a temperatura interna entre 2 a 8oC, se possível use um termômetro para controlar a temperatura.
 2. Conduza os animais  ao passo e com calma em grupo até o brete.
3. Não encha o brete a ponto de apertar os animais, tampouco as mangas (os animais devem ocupar no máximo metade do espaço da manga). 
4. Quando estiver tudo pronto, conduza o primeiro animal ao tronco de contenção. Conduza um animal de cada vez e sempre ao passo. 
5. Antes de conter o animal com a pescoceira, feche a porteira da frente do tronco de contenção.
 6. Feche as porteiras sem pancadas. 
7. Contenha o animal com a pescoceira, sem golpes e preferencialmente quando ele estiver parado.
 8. Abra a porta (ou janela) atrás da pescoceira (use o lado que for mais conveniente e confortável) para aplicar a vacina. Nunca enfie o braço por entre as travessas do tronco de contenção.
9. Aplique a vacina no pescoço. Para aplicação subcutânea, posicione a seringa na posição paralela ao pescoço do animal, puxe o couro, introduza a agulha e aplique a vacina. Para a vacina intramuscular, mantenha a seringa na posição perpendicular ao pescoço do animal, introduza a agulha e injete a vacina. 
10. Após a aplicação, feche a porta (ou janela), solte a pescoceira e só então abra a porteira de saída. 
11. Solte o animal já vacinado e contenha o próximo animal. 
12. O ideal é que o animal saia direto em uma manga ou piquete com água e sombra e, se possível, que encontre ali uma recompensa na forma de alimento.
 13. Quando a carga da seringa acabar, retire a agulha, coloque-a na vasilha com água. Pegue uma agulha limpa (já seca e fria) e coloque-a na seringa. 
14. Ferva as agulhas que estão em condições de reuso em água por 20 minutos. Retire as agulhas e as coloque sobre papel absorvente limpo e seco. Cubra com outra folha de papel. Quando estiverem secas guarde em um pote no refrigerador.


 
 
Thais Mara Pereira de Toledo e Fernanda Macitelli
Empresa Seres Jr. - UFMT - Sinop
Informações para contato: (66) 99967-1838; seresjrbemestar@gmail.com ou seresimv@gmail.com, e pelo instagram @seresjr

Fonte: UFMT

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