Do grão à potência: como o milho se tornou peça-chave no agronegócio e na transição energética do Brasil

Na paisagem agrícola brasileira, poucos grãos simbolizam tão bem a transformação do campo quanto o milho.

Do grão à potência: como o milho se tornou peça-chave no agronegócio e na transição energética do Brasil
Ilustrativa

Na paisagem agrícola brasileira, poucos grãos simbolizam tão bem a transformação do campo quanto o milho. Neste 24 de abril, Dia Internacional do Milho, o país não apenas celebra um alimento ancestral, mas também reconhece o protagonismo de uma cultura que conecta tradição, inovação e sustentabilidade em um mesmo ciclo produtivo.

Com uma safra estimada em mais de 122 milhões de toneladas para 2024/25, o Brasil consolidou seu espaço entre os maiores produtores do planeta, atrás apenas de Estados Unidos e China. Se antes era importador, hoje o país embarca milho para mais de 140 destinos e influencia preços globais com um produto que movimenta desde o prato do consumidor até os tanques de combustível.

Mas o milho é muito mais do que estatística. Ele é presença obrigatória na ração de animais, sustento de milhares de agricultores familiares, base para indústrias de alimentos e bebidas e, cada vez mais, aposta certeira na corrida por fontes renováveis de energia.

Milho que vira combustível — e alimento

A produção de etanol de milho, por exemplo, saltou de 30 mil litros em 2013 para um patamar esperado de 8 bilhões de litros em 2024. E essa curva deve continuar subindo. Ao mesmo tempo, o coproduto gerado nesse processo — o DDG, rico em proteínas — alimenta rebanhos de norte a sul, completando um ciclo de reaproveitamento que dialoga com o conceito de economia circular.

“É um erro pensar que transformar milho em energia compromete a produção de alimentos. Pelo contrário, isso fortalece a cadeia, melhora os preços para o produtor e aumenta a disponibilidade de insumos para a pecuária”, avalia Bernhard Kiep, presidente da Aliança Internacional do Milho (MAIZALL).

Um grão para todos os tamanhos

Presente em praticamente todos os municípios brasileiros, o milho é talvez a cultura mais democrática do país. Serve ao pequeno agricultor, que garante a renda com a venda da colheita local, e ao grande produtor, que abastece mercados internacionais e a indústria nacional. Essa capilaridade é um dos motivos para o grão estar tão enraizado na vida do campo — e na economia brasileira.

E não por acaso, o milho ganhou status estratégico. Seja pelo seu peso na balança comercial, seja pelo papel decisivo no abastecimento interno de alimentos, seja como matéria-prima para energias limpas, o grão é uma engrenagem que gira em muitas direções ao mesmo tempo.

Alta tecnologia e resiliência no DNA

Se no passado o milho era colhido com ajuda da lua e das rezas, hoje ele é monitorado por satélites, analisado por algoritmos e aprimorado em laboratórios. A biotecnologia, nesse sentido, colocou o milho em outro patamar. Mais de 90% das lavouras do país são transgênicas, com sementes adaptadas a pragas e mudanças climáticas, o que garante mais produtividade com menos impacto ambiental.

Daniel Rosa, diretor técnico da Abramilho, resume bem essa revolução silenciosa.

“O milho virou símbolo de um Brasil que produz muito, com tecnologia e de forma cada vez mais sustentável”.

Muito além da espiga

Neste Dia Internacional do Milho, vale lembrar: não estamos falando só de um cereal. O milho brasileiro é sinônimo de renda, de inovação, de diversidade. Está presente no alimento, no combustível, na ração, nos cosméticos, no mercado financeiro. É ouro em grão.

E o mais impressionante é que o potencial ainda está longe do limite. A cada safra, o Brasil aprende mais com esse grão que nasceu com os povos originários das Américas e, hoje, projeta o país rumo ao futuro.

 

Com informações da ABRAMILHO
FONTE: Agro+
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