MT firma acordo com a China e inicia padronização do cultivo de gergelim no estado
Parcerias visam impulsionar a pesquisa, melhorar a qualidade genética das sementes e organizar a produção

Por redação com informações da assessoria de imprensa | Agrofy News
Líder nacional na produção de gergelim, Mato Grosso busca ampliar sua presença no mercado internacional, com foco estratégico na China e também impulsionar ainda mais sua produção.
Com esses objetivos, o estado anunciou dois acordos para fortalecer a cadeia produtiva: um voltado à cooperação científica com um centro de pesquisa chinês e outro à elaboração de cartilhas técnicas para padronizar a produção local.
Acordo com a China foca em pesquisa e novas variedades
O Instituto Mato-grossense de Feijão, Pulses, Colheitas Especiais e Irrigação (Imafir) firmou um Acordo de Cooperação com o Centro de Pesquisa de Gergelim de Henan, vinculado à Academia de Ciências Agrárias de Henan (HSRC-HAAS), na China.
A parceria estabelece uma colaboração estratégica entre os dois países nas áreas de pesquisa, desenvolvimento e comercialização internacional do grão, com impacto direto nos produtores mato-grossenses.
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Segundo a secretária adjunta de Agronegócios, Crédito e Energia da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Linacis Vogel Lisboa, o acordo tem como pilares a troca de germoplasma, o desenvolvimento de variedades adaptadas ao solo e clima brasileiros e o intercâmbio técnico entre especialistas dos dois países.
“Mato Grosso é o maior produtor de gergelim do Brasil. A expectativa é fortalecer a cadeia produtiva desse pulse em nosso estado, com ganhos em produtividade, sustentabilidade e qualidade do produto para o mercado internacional”, destacou.
De acordo com o 6º Levantamento da Safra 2024/2025 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Mato Grosso deve produzir 219,3 mil toneladas de gergelim em uma área de 425 mil hectares. A produção nacional está estimada em 332,8 mil toneladas, em 660 mil hectares.
Entre as ações previstas no acordo, estão testes de adaptação de cultivares em ambos os países, troca de sementes com características superiores — como resistência a doenças e precocidade — e a formação de grupos bilaterais para acompanhar os ensaios e definir estratégias de melhoramento genético e cultivo sustentável.
Pesquisadores brasileiros participarão de treinamentos em melhoramento molecular na China, enquanto especialistas chineses visitarão propriedades em Mato Grosso para conhecer as práticas de cultivo e colheita mecanizada.
Outro destaque é o desenvolvimento conjunto de duas a três novas linhagens de gergelim, que serão testadas em solo brasileiro para futura aprovação como variedades nacionais. Também está prevista a introdução de cultivares chinesas, com testes de desempenho em campo.
Com validade inicial de três anos e possibilidade de renovação, o acordo prevê que todas as novas variedades desenvolvidas terão propriedade intelectual compartilhada entre as instituições envolvidas.
O objetivo é elevar a competitividade da indústria de gergelim nos dois países, melhorar a qualidade genética das sementes e promover práticas agrícolas mais sustentáveis.
Cartilhas técnicas buscam padronizar produção em MT
Além da parceria internacional, o governo de Mato Grosso também anunciou a elaboração de duas cartilhas técnicas para orientar os produtores locais sobre o cultivo e a armazenagem do gergelim.
A iniciativa será coordenada pela Sedec e visa padronizar práticas agrícolas, reduzir gargalos técnicos e organizar a produção de forma sustentável em todo o estado.
O conteúdo das cartilhas irá abranger desde a semeadura até o armazenamento do grão, com foco em boas práticas agrícolas.
A produção do material será feita em conjunto com a Câmara Técnica do Gergelim, que reúne entidades como Imafir-MT, Aprofir-MT, Acemat, Conselho Brasileiro do Feijão, Famato e Ibrafe.
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Apesar de Mato Grosso ser o maior produtor nacional de gergelim, a cultura ainda enfrenta desafios como a ausência de informações técnicas acessíveis e a falta de um modelo padronizado de produção.
A escassez de orientações claras sobre manejo, exigências sanitárias e uso adequado de defensivos tem afastado produtores interessados em diversificar suas lavouras.
Durante a última reunião da Câmara Técnica, realizada na sexta-feira (21), participantes destacaram que a deficiência técnica também compromete o armazenamento do grão — etapa essencial para garantir qualidade e valor de mercado.
Nesse contexto, as cartilhas surgem como ferramentas estratégicas para capacitar agricultores e fortalecer a cadeia produtiva.
“Temos um grande potencial, mas precisamos organizar melhor o setor. A cartilha será uma ferramenta prática para orientar e dar segurança técnica a quem já cultiva ou deseja iniciar na produção de gergelim”, afirmou Linacis Vogel Lisboa.
Além das cartilhas, a Câmara Técnica também definiu o início de um levantamento de dados sobre a produção estadual por meio de cadastramento obrigatório junto ao Instituto de Defesa Agropecuária (Indea).
A proposta é ampliar a base de informações sobre grãos especiais e pulses, nos moldes das grandes commodities, contribuindo para políticas públicas mais eficazes.
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