Agronegócio
RS: safra de citros pode ser até 40% menor
Fatores climáticos como o frio tardio na florada, a estiagem e o ciclone de junho influenciaram na produtividade das frutas, especialmente as bergamotas
O Rio Grande do Sul deve ter perdas na safra de citros. A colheita de laranjas, bergamotas e limões, que começou em maio e segue até outubro, já mostra as baixas nos pomares. Segundo projeções feitas pela Emater/RS, o estado tem cerca de 24,9 mil hectares plantados com as culturas e a expectativa é de colher 450 mil toneladas. Esse número representa uma redução média de 10% em relação à safra passada, mas deve se acentuar conforme o andamento dos trabalhos.
“Nas variedades mais cedo já se percebem as perdas, mas com fatores climáticos mais severos no inverno, como a passagem do ciclone onde muitos pomares ficaram embaixo d’água, as frutas ainda podem se recuperar ou caírem. Então em algumas regiões podemos ter até 40% de perdas lá no final da safra”, avalia o extensionista da Regional Lajeado da Emater/RS, Marcos Schäfer.
O estado está entre os cinco maiores produtores de citros do país. Conforme a Secretaria da Agricultura, somente de bergamotas são 13,2 mil hectares, a maior área do país e com produção presente em 408 municípios. Já a laranja é cultivada em 21,23 mil hectares, com exportação de suco para 22 países, gerando US$ 9,80 milhões de receita.
A região do Vale do Caí concentra a maior área, especialmente de bergamotas das variedades caí, pareci, ponkan e montenegrina, nativa do município de Montenegro. São 3 mil hectares plantados com a fruta, o que representa 44% do total de citros do estado. A projeção de colheita é de 54 mil toneladas de bergamotas, 5,5 mil toneladas de laranjas e 400 toneladas de limões. O município foi sede da 23ª edição da Abertura Estadual da Safra de Citros e foi um dos mais atingidos com o clima.
“Nós tivemos floração precoce em agosto de 2022 e depois veio o frio e muitas flores abortaram, não formaram frutos. Depois veio a estiagem que deixou as frutas menores e, por fim, agora em junho com a passagem do ciclone muitos pomares ficaram cobertos pela enchente. Quando a água baixou as frutas caíram. Então por aqui perdemos cerca de 30%”, destaca o secretário da Agricultura de Montenegro, Ernesto Kasper.
“As frutas estão menores mas a gente consegue vender bem”
Na propriedade da família Ulrich, em Montenegro (RS), a produção está na terceira geração. São cultivados 30 hectares e a expectativa é colher 250 toneladas. O volume é a metade do que colheram na safra passada. “As frutas estão menores mas a gente consegue vender bem para estados como Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso. Isso acontece porque mesmo menor a qualidade está boa”, comenta o citricultor Janquiel Ulrich.
Com a safra menor os preços praticados também estão melhores, com média de R$ 45 a R$ 66 a caixa de 25kg . O estado também é livre de greening, principal doença da citricultura, e isso é considerado um diferencial. “A gente, com o tempo, evoluiu muito em manejo, fitossanidade e cuidamos muito isso. Nada sai do estado com folhas ou cabos e também queremos que nada entre com material vegetal para seguir mantendo nosso estado livre”, complementa o produtor.
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