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Agronegócio

Regiões gaúchas tiveram 318% mais chuva em 4 dias do que média mensal

Conheça também o possível impacto na produção de soja, arroz e milho

O Rio Grande do Sul testemunha o maior volume de chuvas de sua história e o segundo maior já registrado em todo o país. O cenário, contudo, pode piorar ainda mais, segundo as previsões para os próximos dias.

Desde a semana passada até ontem, os acumulados variam segundo a região do estado entre 258,6 mm em Porto Alegre e 543,4 mm em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha.

Para se ter ideia, a média histórica na cidade durante o período é de 130 mm, o que significa que a chuva nos últimos dias foi mais 318% acima da média histórica.

Já as regiões dos Vales, Planalto e Encosta da Serra superaram 300 mm em uma semana. Todo este volume resultou no rompimento de barragens e reservatórios, o que aumentou ainda mais o volume de água nas bacias hidrográficas gaúchas.

Parte do fenômeno é explicado pelo El Niño, que aquece as águas do Pacífico, bloqueando frentes frias e concentrando áreas de instabilidade no Rio Grande do Sul.

Além disso, a temperatura elevada próximo à faixa equatorial, o transporte de umidade vinda da Amazônia e contraste térmico com a chegada de uma frente fria fortaleceram as tempestades.

Apesar disso, a previsão climática segue inclemente. Até a próxima quarta-feira (dia 08), um novo sistema frontal atuará no estado. A população gaúcha e voluntários de todo Brasil devem preparar-se ou ajudar o quanto antes.

A estimativa é de que as Regiões dos Vales, Metropolitana e Serra Gaúcha terão nova sequência de volumes expressivos (150 mm a 250 mm) após a menor intensidade registrada no fim de semana.

A MetSul Meteorologia alerta que o cenário crítico que se registra em Porto Alegre, na região metropolitana e em outras cidades assoladas por enchentes seguirá com extrema gravidade por um longo período com colapso de serviços públicos e a manutenção de alagamentos e inundações.

Segundo o órgão, alguns pontos de Porto Alegre e região, assim como dos vales, os mais castigados pela enchente, serão inabitáveis por semanas a meses pela destruição das moradias, da infraestrutura e o colapso dos serviços públicos essenciais, que terão que ser reconstruídos.

Impacto no agronegócio
Segundo o consultor Carlos Cogo, o Rio Grande do Sul é o segundo maior estado produtor de soja no Brasil e os trabalhos de colheita estavam em 70% da área total até o início das inundações.

Os 30% restantes não haviam sido colhidos, representando cerca de 2 milhões de hectares e 6,5 milhões de toneladas. Segundo o especialista, as estimativas precisas das perdas ainda não são possíveis.

De toda forma, esse volume sob risco representa 5% da safra estimada para o país, cerca de 147 milhões de toneladas.

Em Chicago, as cotações futuras deverão permanecer elevadas, com um prêmio de risco. A contabilização das perdas nas áreas não colhidas influenciará as cotações.

Já no caso do arroz, o Rio Grande do Sul é o principal estado produtor do Brasil. Até o momento, o estado colheu 78% da área de arroz da safra 2023/2024.

s 22% restantes representam cerca de 200 mil hectares e 1,6 milhão de toneladas. Segundo Carlos Cogo, ainda não é possível estimar com precisão o quanto deste montante está perdido.

Esse volume sob condição de risco representa expressivos 16% da safra estimada para o país (10,5 milhões de toneladas). A safra gaúcha de arroz, estimada em 7,4 milhões de toneladas antes das inundações, deverá ser afetada de forma expressiva.

Isso pode gerar um déficit no suprimento brasileiro do grão em 2024, ampliando a pressão altista sobre os preços.

Os possíveis impactos são dificuldade para o abastecimento no Brasil e impactos no custo de vida das famílias, especialmente as mais pobres, bem como a queda de renda dos rizicultores.

Já para o milho, a colheita da safra de verão (1ª safra 2023/2024) foi paralisada devido ao excesso de chuvas e alagamentos. No restante do país, as atividades de colheita seguem em bom ritmo.

Até 2 de maio, a colheita atingiu 83% da área total cultivada. A área total plantada com milho na 1ª safra 2023/2024 no Rio Grande do Sul é de 6,673 milhões de hectares.

Os 27% que ainda não foram colhidos representam cerca de 220 mil hectares e 1,4 milhão de toneladas. Esse volume sob condição de risco representa 6% da 1ª safra estimada para o país (23,3 milhões de toneladas).

Segundo o consultor, ainda não é possível estimar com precisão o quanto deste montante está perdido.

Página:

https://portalghf.com.br/noticia/agronegcio/2024/05/06/regies-gachas-tiveram-318-mais-chuva-em-4-dias-do-que-mdia-mensal/19107.html