Agronegócio
Projeto milionário vai injetar CO2 no subsolo para 1º combustível com pegada negativa do mundo
Usina de etanol de milho investe R$ 450 milhões para enterrar gás poluente a 800 metros de profundidade
A FS, empresa produtora de etanol de milho, confirmou a viabilidade técnica do projeto para injetar CO2 a 800 metros de profundidade no solo e gerar o primeiro combustível de pegada negativa no mundo.
A empresa concluiu estudos que comprovam as condições geológicas ideais para “enterrar” o gás de efeito estufa (GEE), resultado da fase de fermentação da produção do biocombustível.
No total, a FS já investiu cerca de R$ 100 milhões nas pesquisas e estudos e destinará outros R$ 350 milhões nas instalações, que já começaram a ser feitas em sua unidade de Lucas do Rio Verde (MT).
“Este avanço deve tornar a FS a primeira produtora de etanol com pegada negativa em carbono no mundo e a primeira a desenvolver a tecnologia fora dos Estados Unidos”, Daniel Lopes, vice-presidente de Sustentabilidade e Novos Negócios na FS.
Apenas duas produtoras de etanol nos Estados Unidos utilizam a tecnologia que é conhecida como BECCS (Produção de bioenergia com captura e armazenamento de carbono).
Apesar de mais sustentável, a tecnologia BECCS em si não garante pegada negativa de carbono. Uma biorrefinaria “carbono negativa” depende de outros elos no ciclo de produção, como o tipo de energia usada pela própria fábrica e o nível de sustentabilidade do milho.
Por isso, a FS poderá ser pioneira em alcançar este marco de sustentabilidade justamente por utilizar exclusivamente milho de segunda safra e biomassa renovável de florestas plantadas como fonte de energia.
Já as plantas estadunidenses ainda dependem de energia fóssil e milho de safra única, que são mais poluentes.
Antivazamento
A ideia surgiu em 2021, inspirada por iniciativas semelhantes em operação nos Estados Unidos. Em outubro de 2023, a FS perfurou um poço estratigráfico de aproximadamente 2 mil metros de profundidade em Lucas do Rio Verde (MT) para examinar as formações rochosas subjacentes.
Os estudos concluíram que a formação rochosa Diamantino, na Bacia dos Parecis, possui a porosidade e permeabilidade necessárias para armazenar CO2 a mais de 800 metros de profundidade.
Nesta profundidade, o gás estará abaixo de uma camada selante de 128 metros de espessura, garantindo segurança contra vazamentos.
A implantação da tecnologia BECCS permitirá que a unidade da FS em Lucas do Rio Verde evite a emissão de cerca de 423 mil toneladas de CO2 por ano.
Ampliação do projeto
Com a expansão do projeto para outras unidades da empresa, o potencial de remoção de CO2 da atmosfera pode superar 1,8 milhão de toneladas anuais.
A FS planeja expandir a tecnologia BECCS para sua unidade de Sorriso, também no Mato Grosso, reforçando o compromisso com a sustentabilidade e a inovação tecnológica no setor de biocombustíveis.
Já a unidade de Primavera do Leste não tem condições geológicas para o modelo.
Esta abordagem em larga escala poderá resultar em uma redução de aproximadamente 77 milhões de toneladas de emissões de carbono por ano, quase 39% das emissões do setor de transporte rodoviário do Brasil.
“Com essa iniciativa, a empresa não apenas contribui significativamente para a mitigação das mudanças climáticas, mas também estabelece um novo padrão de produção de etanol no Brasil e no mundo”, completa.
Daniel Azevedo Duarte
Agrofy News
Editor-chefe do Agrofy News Brasil
Página:
https://portalghf.com.br/noticia/agronegcio/2024/07/26/projeto-milionrio-vai-injetar-co2-no-subsolo-para-1-combustvel-com-pegada-negativa-do-mundo/20582.html