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Agronegócio

Preços da soja sofrem pressão

Atraso no plantio é especialmente notável no Mato Grosso

De acordo com a análise de mercado da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA), o plantio da nova safra de soja 2024/25 no Brasil está atrasado. Apenas 5,3% da área esperada foi semeada até o momento, um ritmo muito abaixo dos 10% registrados no mesmo período em 2023 e da média histórica de 8,9%. Esse cenário preocupa o setor, já que o atraso pode afetar o desenvolvimento das lavouras e, consequentemente, os rendimentos.

O atraso no plantio é especialmente notável no Mato Grosso, o maior produtor de soja do país, onde somente 2,1% da área foi plantada até agora, comparado a 14,3% no ano anterior e uma média histórica de 9,5%. O clima seco tem sido o principal fator limitante, mesmo com algumas chuvas esparsas na região Centro-Oeste. Apesar do ritmo lento, a expectativa para o estado ainda é otimista, com uma projeção de 44 milhões de toneladas colhidas sobre uma área semeada de 12,7 milhões de hectares, mantendo uma produtividade média de 58 sacas por hectare, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Enquanto o Mato Grosso enfrenta dificuldades, o Paraná segue em uma trajetória diferente, com o plantio atingindo 33% da área esperada, o maior índice para esta época do ano desde 2018. Esse desempenho superior é atribuído a condições climáticas mais favoráveis na região Sul, que têm permitido um avanço mais rápido nas operações de campo.

A análise do CEEMA também destacou a pressão sobre os preços internos da soja, que apresentaram leve recuo devido à combinação de atraso no plantio e a manutenção do câmbio oscilando entre R$ 5,45 e R$ 5,60 por dólar. No Rio Grande do Sul, a média fechou em R$ 123,41 por saca, enquanto outras praças trabalharam entre R$ 120,00 e R$ 138,00 por saca.


Em termos de comercialização antecipada, o Brasil já negociou 24,8% da nova safra de soja, que é estimada em 171,8 milhões de toneladas, uma aceleração em comparação aos 21,4% registrados no mesmo período do ano anterior. Entretanto, a média histórica para esse estágio da safra é de 29,4%, indicando que as vendas antecipadas ainda estão um pouco abaixo do padrão. No Mato Grosso, a venda antecipada da safra já alcançou 35%, pouco abaixo da média histórica de 37,8%.

Além disso, o mercado de óleo de soja registrou alta nos últimos dias, com o preço disparando devido à valorização no mercado externo e ao impacto do agravamento do conflito no Oriente Médio, que elevou o preço do petróleo. Segundo dados do Cepea/Esalq, o valor do óleo de soja, com 12% de ICMS incluso, atingiu R$ 6.413,71 por tonelada na região de São Paulo, o maior valor desde fevereiro de 2023, representando um aumento de 1,5% em relação a agosto.

A análise de longo prazo apresentada pelo Imea projeta um crescimento contínuo na área plantada com soja no Mato Grosso. Nos próximos 10 anos, o estado deverá expandir sua área semeada para 16,6 milhões de hectares até a safra 2033/34, o que representará um aumento de 33,2% em relação à safra atual. Esse crescimento será impulsionado, em grande parte, pela conversão de pastagens em áreas agrícolas, com uma taxa média de expansão anual de 2,91%. Com esse ritmo, a produção do Mato Grosso poderá alcançar 64,5 milhões de toneladas em 2033/34, consolidando ainda mais sua posição de destaque no cenário global.

Essas projeções refletem um equilíbrio delicado entre os desafios imediatos do clima e as expectativas de crescimento a longo prazo, reforçando a importância estratégica do Mato Grosso tanto para o Brasil quanto para o mercado internacional de soja.

Agrolink - Aline Merladete
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