Agronegócio
Novo presidente da FPA fala o que pensa sobre o governo Lula
Novo presidente da FPA fala o que pensa sobre o governo Lula, destaca risco de invasões do MST e enumera desafios para bancada durante o governo do PT
Esvaziamento do Ministério da Agricultura com criação de outras pastas como Pesca e Desenvolvimento Agrário enfraquece políticas para o setor, alerta Pedro Lupion, que assume a frente em fevereiro.
O deputado federal Pedro Lupion (PP-PR) assume, a partir de fevereiro, a presidência da Frente Parlamentar da Agropecuária e, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta terça-feira (10), pontuou as demandas e preocupações deverá encarar neste novo governo. Inicialmente, Lupion já afirma que o principal desafio será criar pontes com um governo que trata o agronegócio como inimigo, trazendo o exemplo das falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último domingo (8), em que ele atrela o setor ao vandalismo praticado em Brasília.
NOVOS MINISTROS
Sobre o novo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o deputado afirma que se trata de um bom parlamentar, que está bem intencionado, porém, "está de mãos atadas", bem como afirma que ele terá de lidar com a retirada da pasta de uma parte importante e determinante do pós produção que é o abastecimento, uma vez que a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) passa a ficar sob a alçada do recém criado Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Mais do que isso, criticou a segregação da agricultura familiar, sendo tirada debaixo do guarda-chuva do agronegócio, sem conceitos bem definidos. E Lupion ainda aponta como um problema grande e que precisa ser monitorado é, justamente, esse desmonte do MAPA.
"É impossível planejar a agricultura familiar e fazer com que os produtores pequenos ou médios da agricultura familiar façam parte das políticas do agro se eles não fazem mais parte do Ministério da Agricultura. Isso é, sem dúvida nenhuma, uma preocupação gigantesca que precisamos resolver o mais rápido possível", diz.
O futuro do presidente da FPA afirma ainda que "a esquerda gosta muito do discurso de que não podemos tratar os desiguais como iguais e é isso, exatamente, o que eles estão fazendo", afirma o parlamentar. Dessa forma, destaca que o trabalho de Carlos Fávaro na interlocução com estes outros ministérios também será desafiador.
Sobre as relações com o Ministério do Meio Ambiente e Marina Silva, Lupion afirma que não vê grandes mudanças. Era difícil antes, seguirá difícil mais a frente, afinal, as ideologias deverão superar o debate técnico e lógico mais uma vez.
De outro lado, porém, o deputado destaca a abertura dada à FPA pelo chanceler Mauro Vieira depois da crítica da frente ao encerramento da Secretaria da Agricultura no Ministério das Relações Exteriores.
"Mas, de qualquer maneira, só perdemos força, perdemos espaço e somos tratados como inimigos nesse governo. Então, quando o presidente da República vai na televisão e nos responsabiliza por um doa dias mais tristes com aquele quebra-quebra em Brasília, é de uma irresponsabilidade".
A FPA E O CONGRESSO NACIONAL
Pedro Lupion também destacou a força do novo Congresso Nacional, com uma bancada mais fortalecida e alinhada com parlamentares representando o agronegócio brasileiro de forma ainda mais expressiva. E as mudanças mais expressivas chegam no Senado, com nome fortes ajudando a compor o time como Tereza Cristina, Magno Malta, Marcos Pontes, entre outros, para engrossar o coro de nomes já fortes como o de Luiz Carlos Heinze e
A Frente, nas palavras de seu futuro presidente, não "pode ser oposição" e precisa dialogar, criar pontes, mas sabe que a real oposição virá de seus representantes, da bancada ruralista em ambas as casas.
Lupion explica ainda que espera a reeleição de Arthur Lira como presidente da Câmara dos Deputados, uma vez que o deputado vem desempenhando o papel que lhe cabe, ouvindo e dialogando com as bancadas - incluindo a do agronegócio, o que permitiu com que várias pautas pudessem avançar com a Lei do Agro I, a Lei do Agro II, o Fiagro, e PEC do Autocontrole, entre outras.
Já no Senado, as coisas não caminharam no mesmo ritmo, Rodrigo Pacheco não teve a mesma postura, sentou-se em cima de diversas pautas - bem como alguns outros nomes como de Kátia Abreu com o licenciamento ambiental - e as mudanças, portanto, serão importantes e bem-vindas.
ORÇAMENTO PARA O AGRONEGÓCIO
Sobre o orçamento destinado ao setor - e em referência aos montantes dos demais setores - as preocupações continuam. Afinal, o volume de pouco mais de R$ 15 bilhões deverá ser partilhado entre as quatro pastas nas quais foi subdividido o Ministério da Agricultura. As decisões finais, todavia, não foram tomadas.
QUESTÕES INDÍGENAS
Os desdobramentos das questões indígenas deverão estar, em um primeiro momento e mais uma vez, focadas na votação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a lei do indigenato x marco temporal. O tema é antigo, polêmico, deve continuar intensificando as discussões e é um ponto de atenção neste novo momento do Brasil.
DIREITO À PROPRIEDADE E O MST
Uma das maiores preocupações do deputado é ainda a volta intensa das invasões de propriedades, em especial pelo MST (Movimento dos Sem Terra), como já tem acontecido, por exemplo, na divisa entre o Espírito Santo e a Bahia.
"O que mais me preocupa agora são as sinalizações do executivo. A partir do momento em que vemos um grupo político assumindo o poder e que os representantes dos invasores participam ativamente dessa governo, ficamos muito preocupados no sentido de poder haver uma guerra de novo no campo brasileiro", diz.
TAXAÇÃO, ESTOQUES REGULATÓRIOS E PREÇOS MÍNIMOS
"Vejo muita preocupação nessa regulação do agro, do que pode ser produzido ou não e, principalmente, na taxação do agro. Essa questão da Lei Kandir também está no radar", afirma Pedro Lupion.
Tags: Política Economia Agronegócio Agricultura
Por: Aleksander Horta e Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas
Página:
https://portalghf.com.br/noticia/agronegcio/2023/01/11/novo-presidente-da-fpa-fala-o-que-pensa-sobre-o-governo-lula/11535.html