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Agronegócio

MST: Justiça ordena desocupação de novas áreas invadidas da Suzano

Invasões aconteceram pouco mais de um mês após acordo intermediado pelo MDA para a desocupação de outras três áreas da empresa na Bahia

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) invadiram na tarde desta segunda-feira (17) duas fazendas da empresa Suzano, em Aracruz, no Espírito Santo. As invasões aconteceram pouco mais de um mês após um acordo intermediado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para a desocupação de outras três áreas da Suzano, invadidas no sul da Bahia.

A empresa informou ter entrado com pedido de reintegração de posse, com liminar já concedida pela justiça capixaba.

A nova ofensiva contra áreas produtivas da Suzano faz parte da onda de invasões conhecida como “Abril Vermelho”, que desde o início da semana incluiu atos em 18 estados, entre eles ocupações e protestos em sedes regionais do Incra no Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe, Paraíba, Brasília, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Maranhão, segundo nota divulgada pelo movimento.

Multa
No fim da noite, o juiz Fabio Luiz Massariol, do plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, deu prazo de 24 horas para o MST desocupar as fazendas, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Também proibiu a invasão de áreas vizinhas e autorizou a requisição e uso de força policial para a retirada dos invasores, em caso de resistência à desocupação voluntária.

O MST informou ter mobilizado 200 famílias para entrar nas propriedades. Alega que as terras fariam parte do patrimônio do Estado e teriam sido griladas. O movimento quer a destinação da área para assentar mais de mil famílias. A invasão das propriedades da Suzano se soma a outras cinco ocupações de fazendas realizadas pelo movimento em Pernambuco no último fim de semana, além da invasão de prédios públicos.

O chamado “Abril Vermelho” lembra a morte de 19 sem-terra pela Polícia Militar, em 1996, em Eldorado dos Carajás, no Pará.

Em nota, a Suzano disse ter sido surpreendida com a invasão, pelo MST, de duas áreas produtivas no Espírito Santo, “mesmo em um contexto de diálogo e construção de convergência entre as partes”, numa referência ao acordo intermediado pelo governo.

No início de março, as duas partes se sentaram com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, após o MST desocupar as áreas invadidas no sul da Bahia. Conforme a empresa, a decisão judicial para reintegração de posse das novas áreas invadidas confirma, mais uma vez, a ilegalidade das invasões do MST.

“Cabe reforçar que a empresa cumpre integralmente as legislações ambientais e trabalhistas, tendo como premissa em suas operações o desenvolvimento sustentável e a geração de valor e renda, reforçando assim seus compromissos com as comunidades locais e com o meio ambiente”, disse.

Federação capixaba repudia invasões
A Federação das Indústrias do Espírito Santos (Findes) manifestou repúdio às invasões em áreas de cultivo de eucalipto da Suzano por violarem o direito à propriedade privada. “Repudiamos veementemente as invasões a essas áreas que são privadas e produtivas, em atos que acarretam prejuízos econômicos e sociais.”

A nota destaca que a empresa gera aproximadamente 7 mil empregos diretos, mais de 20 mil postos de trabalho e renda para cerca de 37 mil pessoas da região. A reportagem questionou o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) sobre as novas invasões em áreas da Suzano e aguarda retorno.


mst - invasão de terra
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