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Agronegócio

Milho: clima e qualidade de sementes preocupam produtores do Tocantins

Uma boa parte da segunda safra foi plantada fora da janela ideal e produtores também reclamam de sementes vencidas

A produtora rural Caroline Barcelos, de Porto Nacional (TO), terminou a colheita da soja com rendimento 15% menor do que o esperado. A produtividade média dos talhões foi de 47 sacas por hectare, reflexo do excesso de chuva que também atrasou o plantio da segunda safra de milho.

“A estimativa era que plantássemos 5.950 hectares dentro da janela de fevereiro, que é a ideal aqui para a nossa região. Este plantio foi muito prejudicado e 2.000 hectares da nossa programação foram plantados em março, além de 500 hectares que não foram plantados”, conta a agricultora.

Agora, o próximo desafio é superar as estiagens típicas da região. Caroline se diz bastante preocupada com possíveis quebras na segunda safra. “Aqui na região, as chuvas cessam a partir da segunda quinzena de maio especialmente, por isso estamos bem apreensivos e torcendo para que o milho plantado na janela ideal consiga produzir bem para compensar o que ficou fora da janela ideal”.

A previsão de estiagem prolongada também preocupa o produtor Jarlos Beppler, em Santa Rosa do Tocantins (TO), que está com 600 hectares de milho em risco. “A gente perdeu a janela de plantio e essa parte pode estar comprometida. Daqui para a frente, as chuvas na nossa região começam a diminuir, e aí esse milho plantado por último corre um certo risco de não produzir”, diz.

Mais problemas no milho
Além do clima, a qualidade das sementes cultivadas nesta safra deixam os agricultores do Tocantins preocupados. Segundo o presidente da Aprosoja-TO, Dari Fronza, muitos associados estão reclamando. “Falam que veio muita sementes vencidas ou seja revalidada do ano passado e inclusive de dois anos atrás. Um milho revalidado de dois anos a gente sabe, e a pesquisa mostra, que a produtividade cai muito”, afirma.

Um dos exemplos é a lavoura do agricultor Bruno Tomadão, em Natividade (TO). As primeiras áreas germinadas apresentaram baixo vigor e germinação, o que pode comprometer a produtividade final da safra.

“Dá para a gente perceber as diferenças das plantas: toda desuniforme e o tamanho das falhas. Esse milho era para estar com um porte bem mais alto, demorou a nascer, e pode ver que é uma lavoura que não dá para se esperar uma produtividade alta”, conta Bruno Tomadão.

O produtor não sabe o que fazer, pois, segundo ele, a empresa que vendeu os insumos não deu suporte. “Estamos esperando que eles pelo menos venham ressarcir um pouco do prejuízo, que é grande”, diz.

Dari Fronza cobra que as empresas fornecedoras de insumo entreguem os produtos comprados pelos produtores. “Vendemos muita produção nossa de soja a R$ 80/R$ 90, e nós vamos cumprir esses contratos. Então a gente espera que do outro lado, quando a gente faz compromissos com as revendas, que as revendas também cumpra com o que foi pedido. Nós não podemos comprar um produto A e depois as multinacionais entregar, um produto B”, diz.

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