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Agronegócio

Mercado chinês já reduziu o tom, analisa Marco Caruso, do Original

Governo chinês está aumentando a ingerência sobre suas empresas; EUA declararam que, por conta disso, vão aumentar o escrutínio sobre elas em Wall Street, lembra o economista-chefe

Os novos capítulos das disputas geopolíticas entre China e EUA, além dos desafios locais no Brasil, estão no radar do mercado nesta segunda-feira (2). Quem comenta um pouco desse cenário é o economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso.

“Na sexta-feira passada, o clima estava bem ruim lá fora, nos mercados, e aqui dentro. A grande notícia negativa dos últimos dias foi a escalada regulatória da China, basicamente o governo chinês está aumentando sua ingerência sobre as empresas no país, mudando as regras do jogo. Os Estados Unidos já declararam que, por conta disso, vão aumentar o escrutínio sobre as empresas chinesas que quiserem abrir capital lá em Wall Street, por exemplo”, analisa Caruso.

“Agosto, nesta segunda-feira, já está abrindo com uma cara um pouco melhor lá fora. O mercado regulador chinês sentiu o golpe e, no domingo, disse que vai aumentar a cooperação com Washington, diminuindo um pouco o tom”, pondera.

Fora isso, na sexta-feira, o mercado acordou para os desafios das contas públicas no Brasil, lembra Caruso:

“A velha nova discussão é que estão surgindo precatórios — gastos com sentenças judiciais que podem chegar a R$ 90 bilhões e aumentar as despesas do governo no ano que vem. O governo também está falando em aumentar o Bolsa Família. Enfim, aumento de gastos trazendo nervosismo para o mercado”, observa. “O governo federal não consegue controlar as despesas com precatórios. Todo ano é uma surpresa. O judiciário que fala: ano que vem, vocês têm que pagar X. E, para o ano que vem, a conta é de quase R$ 90 bilhões. Fora isso, o governo quer ampliar o Bolsa Família. De um lado as sentenças, teto de gastos e a ampliação do Bolsa Família. A ideia é trazer um cronograma para essas despesas, e aí sim abrir espaço para a ampliação do Bolsa Família. No fim do dia, para os mercados, isso traz volatilidade porque mostra como é difícil controlar as contas públicas nesse país, ainda mais em período de início de um novo ciclo eleitoral. Se vier a PEC e ela passar, isso pelo menos traz um pouco mais de clareza”, acrescenta.

Caruso também lembra das discussões sobre a próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom). Segundo ele, a perspectiva é de aumento na taxa de juros.

“O grande destaque da nossa agenda doméstica nesta semana é a reunião do Copom. A gente tem conversado bastante sobre a inflação, que tem piorado. Essa inflação mais alta e também uma economia que está melhorando mais rápido do que se esperava, se somam as duas coisas, mais PIB e mais inflação, o mercado começou a colocar na conta que o Banco Central vai ter que acelerar o ritmo de alta de juros. Então, vinha subindo de 0,75% a 0,75%, na reunião de quarta-feira (4) deve subir um ponto percentual, chegando a 5,25%. A discussão é se não deve passar de 7% no final do ano, um patamar que a gente chama de restritivo. Já começa a esfriar a economia para o ano que vem, especialmente por causa da inflação”, analisa.

“Para o público do agro, o que é interessa é o café e os riscos de geada. Acho que isso aí deu uma acalmada. Realmente, vieram as geadas, mas o impacto pode ter sido menor do que o mercado antecipava. O café já começou a ceder (de 2.7, o primeiro futuro, para 1,77, queda de quase 15%). De qualquer forma, tem um estrago aí. Mas acho que não cede muito mais, não. Pode faltar produto no ano que vem”, conclui.

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