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Agronegócio

Maior desmatador da história do Pantanal é denunciado por nove crimes

MP também denunciou engenheiro, piloto e empresa por desmate químico de 81 mil hectares no Pantanal

O empresário e pecuarista Claudecy Oliveira Lemes, apontado como responsável pelo maior crime ambiental da história de Mato Grosso, foi denunciado criminalmente por nove crimes. 

Acumulando multas que somam cerca de R$ 2,8 bilhões, Lemes está no centro de uma das maiores investigações ambientais do estado.

Na quinta-feira (17), o Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT), por meio da 15ª Promotoria de Justiça Cível de Defesa do Meio Ambiente Natural de Cuiabá, apresentou denúncia contra Lemes e outros três envolvidos no desmate químico de aproximadamente 81 mil hectares de vegetação nativa no Pantanal. 

Além de Claudecy, foram denunciados o engenheiro agrônomo Alberto Borges Lemos, o piloto Nilson Costa Vilela, e a empresa Aeroagrícola Asas do Araguaia Ltda.

A denúncia solicita indenização pelos danos ambientais no valor de R$ 2,3 bilhões e responsabiliza os acusados por nove crimes, incluindo uso indevido de defensivos agrícolas, supressão de vegetação nativa em área de preservação sem autorização legal e poluição causada por substâncias tóxicas, além de armazenamento de produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente. 

A promotora de Justiça Ana Luíza Ávila Peterlini destacou que, se condenados, os réus poderão enfrentar penas que, somadas, podem chegar a 412 anos de prisão.

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Operação Cordilheira
A denúncia é fruto de investigações conduzidas pela Delegacia Especializada de Meio Ambiente (Dema), no âmbito da Operação Cordilheira, com apoio técnico de diversos órgãos. 

A investigação teve início após análises de sensoriamento remoto e sobrevoos na região afetada, onde o Centro de Apoio à Execução Ambiental do MPMT identificou vastas áreas de vegetação nativa morta, indicando o uso de herbicida sistêmico nas propriedades de Lemes.


De acordo com a promotora, o engenheiro florestal denunciado forneceu orientação técnica para a destruição da vegetação, enquanto a empresa de aviação agrícola foi responsável pela pulverização aérea dos agrotóxicos. 

Após o desmate, gramíneas exóticas, conhecidas como "forrageiras", foram plantadas para expandir as atividades agropecuárias.

Lemes é proprietário de pelo menos 12 imóveis rurais no município de Barão de Melgaço, totalizando 276.469 hectares destinados à pecuária. Segundo investigações anteriores, ele teria investido cerca de R$ 25 milhões em defensivos agrícolas para realizar o desmate químico, transformando floresta em pasto.

Destruição em Números
De acordo com a denúncia, o uso irregular de agrotóxicos destruiu cumulativamente cerca de 138.788 hectares de vegetação entre 2021 e 2023. Só em 2021, 60.639 hectares foram devastados; em 2022, o desmate atingiu 39.391 hectares, e em 2023, outros 38.757 hectares. 

Durante o período de janeiro de 2022 a março de 2023, Lemes teria gasto R$ 15,6 milhões na compra de agrotóxicos, além dos R$ 2,4 milhões investidos em produtos químicos em 2021.

Por redação | Agrofy News

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