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Agronegócio

Impactos climáticos e exportações moldam o futuro do milho

Baixa liquidez continua a ser uma característica marcante do mercado nacional de milho

Os preços do milho no mercado brasileiro mantiveram-se estáveis nesta última semana, após uma breve alta registrada anteriormente, conforme dados da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA). De acordo com o relatório mais recente da CEEMA, a média gaúcha fechou a semana em R$ 51,87 por saco, enquanto nas principais praças os preços permaneceram em torno de R$ 50,00. Em outras regiões do país, os preços variaram entre R$ 36,00 e R$ 55,00 por saco.

A baixa liquidez continua a ser uma característica marcante do mercado nacional de milho, com consumidores aguardando por preços ainda mais baixos no futuro próximo. No entanto, há indicações de que essa tendência possa se reverter no final do ano, à medida que a colheita da safrinha se aproxima e as exportações se mantêm, especialmente diante da redução na produção estimada para este ano.

Segundo as projeções da CEEMA, a produção de milho no Brasil permanece estimada entre 113 e 114,5 milhões de toneladas para este ano, contrastando com as estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). No entanto, um novo relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado recentemente, revisou para baixo essas estimativas, projetando uma produção total de 111 milhões de toneladas, uma queda de 15,9% em relação ao ano anterior. Isso impactaria diretamente os estoques finais de milho no país, que deverão recuar para 5,6 milhões de toneladas, representando uma queda de 21% em comparação com o ano anterior.

Diante desse cenário, espera-se que o Brasil importe cerca de 2,5 milhões de toneladas de milho e exporte apenas 31 milhões de toneladas este ano, uma redução significativa em relação ao ano anterior, quando se tornou o maior exportador mundial do cereal. Essa perspectiva reforça o potencial de recuperação dos preços do milho no mercado interno, embora os valores internacionais do produto permaneçam baixos.

Enquanto isso, no Mato Grosso, as vendas de milho da safra atual atingiram 26,7% do total colhido, abaixo dos 59% da média histórica para esta época. No Paraná, onde problemas climáticos têm impactado a produção, 8% das lavouras da safrinha estão em condições ruins, representando um aumento em relação à semana anterior. Com as condições climáticas adversas dos últimos dias, estima-se que a produção final da safrinha paranaense seja menor do que 14 milhões de toneladas.

Em relação às exportações, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que o volume de milho embarcado pelo Brasil na primeira semana de abril foi de 28.644 toneladas, representando uma queda significativa em comparação com o mesmo período do ano passado. No entanto, o preço médio da tonelada exportada aumentou em 7,5% em relação ao ano anterior, alcançando US$ 334,70.

Apesar das incertezas, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) demonstra um certo otimismo, projetando uma exportação total de milho na casa das 38 milhões de toneladas este ano, desde que o país não comprometa seus estoques finais. Analistas mais otimistas até consideram a possibilidade de o Brasil exportar mais de 40 milhões de toneladas do cereal.

Entretanto, desafios persistem, especialmente em relação à competitividade dos preços do milho brasileiro em comparação com outros países produtores como Argentina, Ucrânia e Estados Unidos. "Nesse cenário, em que o produtor não vendeu porque queria um preço mais alto, certamente já perdemos um pouco do programa que poderíamos ter colocado na exportação", observa a Germinar Consultoria.

AGROLINK - Aline Merladete

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